Congresso pode blindar diretor da PF de intervenção política

Diante das mudanças abruptas que ocorrem no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, cobrou que o Congresso Nacional aprove a autonomia da PF e mandato para o cargo de diretor.

“Nenhum homem é capaz de proteger uma instituição, por mais que queira. Moro não conseguiu . Só a legislação pode fazer isso , blindar a Polícia Federal de pressões políticas e econômicas”, afirma Paiva.

Existem dentro do Congresso Propostas de Emenda à Constituição que preveem isso . Como a PEC 101/2015 do ex-senador Cássio Cunha Lima. Ela está arquivada, mas qualquer senador pode trazê-la novamente ao debate. Hoje seria o caminho mais rápido.

A proposta prevê mandato para diretor da PF , por 3 anos , podendo ser estendido por mais 3 anos . A escolha seria a partir de uma lista tríplice (apresentada pela instituição) e com sabatina no Senado.

O senador Reguffe (Podemos/DF ) também anunciou hoje que vai apresentar uma PEC nesse sentido.

“A PF deveria ser um órgão de Estado e não de governo! É revoltante e totalmente inaceitável querer transformá-la em um instrumento político de uso pessoal. As declarações de Moro são gravíssimas! Minha total solidariedade a ele. Estou apresentando requerimento para convidá-lo a ir ao Senado e também apresentando uma PEC instituindo autonomia para a Polícia Federal, com mandato fixo para seu diretor” , declarou nas redes sociais.

Sem garantias para novo diretor da PF

Com a exoneração de Mauricio Valeixo da direção da PF , o que provocou o pedido de demissão de Sérgio Moro, a expectativa agora é de quem vai assumir as vagas.

Para a direção da PF, é cotado o delegado Anderson Torres , atual secretário de Segurança do Distrito Federal. Mas Moro, sem citar nome , durante entrevista coletiva hoje, o colocou sob suspeita por ter atuado dentro do Congresso durante muitos anos , como assessor parlamentar, e por isso estar sob influências políticas.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal lamenta que agora o novo diretor da instituição assuma o cargo em meio a essa nuvem de suspeição.

“O nome do delegado Anderson é um bom nome , não existe nada contra ele , como há outros bons nomes na PF para o cargo . Uma infelicidade que agora qualquer um que assuma esteja sujeito à crítica política por essa troca de forma dramática no comando da instituição”, avalia o presidente da ADPF Edvandir Paiva.

Sem garantias

“O novo diretor não terá garantia que ficará e poderá cair na próxima crise que vier pela frente”, alerta.

Segundo Paiva, há um choque imenso dentro da instituição. “Não só agora , mas sempre a PF esteve sujeita a esse tipo de intervenção política. É uma instituição que não tem autonomia e não tem sequer um mandato previsto para o seu diretor-geral, a exemplo de várias polícias no mundo, como o FBI nos Estados Unidos. Nós vamos agora para o 4º diretor-geral em três anos. É necessária a aprovação de uma legislação no Congresso neste sentido “, afirma.

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