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27.05.2020
Ideias    Constantino    Fiuza    Nogy
Olá. Aqui é Jones Rossi e sou editor de Ideias na Gazeta do Povo.

Nesta quarta-feira (27), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em seis estados, por causa do inquérito das fake news. O inquérito foi aberto por Dias Toffoli e o relator é Alexandre de Moraes. Os alvos da operação, que apreendeu celulares e computadores, são apoiadores de Bolsonaro. E aqui que a questão se complica. Então é preciso analisar sob uma luz mais conceitual, que é o que procuramos fazer aqui na editoria Ideias.

Esta discussão não é nova. As fake news sempre existiram, mas elas ganharam mais relevância na eleição presidencial americana de 2016 e na brasileira de 2018. Ambos os candidatos vencedores foram acusados de se utilizarem de fake news para chegar ao poder. Não faltou gente aparecendo para querer tutelar o pensamento da população, como se esta não tivesse capacidade de diferenciar o que é verdade do que não é.

Por isso recomendo a leitura deste nosso texto de 2018, sobre a história das fake news nos EUA, que serve como uma luva para o que está acontecendo no Brasil. No artigo de Jarrett Stepman há uma frase que considero perfeita: “As fake news não vão nos destruir. Mas deixar que o governo decida quais notícias são falsas vai”.
O raciocínio não poderia ser mais claro. A partir do momento em que se retira da população a capacidade de decidir quais fontes são confiáveis e o Estado passa a tutelar o que é ou não verdade, ficamos à mercê de um totalitarismo de níveis inéditos. Usando uma expressão gasta, é como deixar a raposa tomando conta do galinheiro. Pressupor de antemão a benevolência dos agentes estatais sempre gerou resultados estatais. E o erro é estratégico de quem hoje se refestelou vendo a Polícia Federal batendo na porta dos adversários. Nunca é demais lembrar que amanhã pode ser a vez de quem hoje estava sorrindo.

Em seu blog, Rodrigo Constantino faz exatamente esta ressalva, constatando algo que parece ter sido esquecido em tempos de intensa polarização. “É hora de lembrar do alerta do pastor Martin Niemöller, que lutou contra o nazismo. Quem aplaude o arbítrio por não ser bolsonarista, ignora que amanhã ele se voltará contra todos. E não haverá ninguém para resistir…”

Voltando ao texto de Jarrett Stepman, ele prossegue:

“A verdade é que as notícias intencionalmente falsas existem desde a invenção da mídia escrita. Os Pais Fundadores dos EUA lidaram com essa mesma questão quando estavam fundado o sistema de governo do país. Eles perceberam que, por mais que fosse tentador censurar notícias falsas, a verdade tinha mais chance de sobressair pelo filtro do debate popular; um governo arbitrário e poderoso poderia usar essas ferramentas para outros fins. Tentativas de acabar com as notícias factualmente incorretas podem rapidamente se transformar em manipulação de diferenças de opinião.”

O grande segredo dos EUA em relação a qualquer país do mundo é a desconfiança da população em relação ao governo. Embora essa desconfiança possa ser vista como algo negativo, ela é o próprio motor da democracia americana: o governo não tem poderes absolutos sobre a população, nenhum governante é maior que a constituição e devido a isso o cidadão evita ser oprimido por este leviatã chamado Estado.

Para finalizar, os deixo com o texto absolutamente brilhante do nosso editor e colunista Paulo Polzonoff. Com muito humor, Polzonoff ri do arroubo autoritário do STF e nos faz lembrar que o poder não deveria se levar tão a sério. Clique no botão azul e confira o artigo:

Queria fazer piada com o STF, mas não tenho dinheiro para pagar advogado
Podcast Ideias

Talvez seja a primeira vez da história em que a utilização de um medicamento seja objeto de discussão política, ainda mais tão intensa. Neste programa, os colunistas da Gazeta do Povo Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza recebem o médico infectologista e professor da Universidade Positivo Mauro Tamessawa, o virologista e professor no Instituto de Ciências Biomédicas da USP Paolo Zanotto, o doutor em bioquímica pela Unicamp Marcos Eberlin, e o escritor e jornalista especializado em ciência Carlos Orsi, para falar sobre a ciência e a política, que infelizmente acabaram se misturando quando o assunto é o uso da cloroquina . Clique abaixo para ouvir:

Ideias #160: Por que o uso da cloroquina se tornou uma disputa política
Ideias #160: Por que o uso da cloroquina se tornou uma disputa política
Atenciosamente,

Jones Rossi, editor da Gazeta do Povo

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