Auto-hipnose pode ajudar no combate à ansiedade durante isolamento

A hipnose é um estado de concentração e conexão consigo mesmo que permite acessar o subconsciente e reprogramar emoções e comportamentos. Ela pode ser usada de maneira terapêutica para combater o estresse e a ansiedade durante o isolamento social, praticado para frear o avanço do novo coronavírus.

“Na auto-hipnose, a pessoa consegue entrar nesse estado sem a ajuda de ninguém”, afirma o hipnoterapeuta Thiago Porto, membro do Conselho Internacional de Educação e Certificação de Hipnose (IBHEC).

“Então, ela se conecta com seu mundo interior e consegue acessar a camada subconsciente da mente, onde acontecem reações idependentes da vontade do indivíduo, como estresse e ansiedade”, explica.

O especialista afirma que a mente é uma representação de como o cérebro funciona. A atividade cerebral, por sua vez, é baseada em sinapses neurais, que equivalem a programações mentais responsáveis pelas reações e sentimentos de cada um.

“As sinapses são formadas por um conjunto de neurônios que se conectam e começam a consumir elementos disponíveis no organismo, como oxigênio e glicose. A hipnose desliga a sinapse e, assim, é possível reprogramar emoções e reações”, esclarece.

Na auto-hipnose, a pessoa dá comandos para sua própria mente e os obedece automaticamente, sem nenhum questionamento. Porto destaca que é preciso ter cuidado nesse momento e saber dar as orientações certas.

“Se ela der um comando no sentido de que não é capaz de fazer algo, quando sair da hipnose vai estar agindo de acordo com ele”, alerta.

Segundo ele, é possível entrar em estado de hipnose espontâneamente, sem qualquer técnica. Isso acontece, por exemplo, antes de fazer uma prova importante.“A pessoa está tão nervosa e concentrada no pensamento de que não vai conseguir fazer, que na hora dá um branco e ela esquece tudo”.

A hipnoterapia é uma das Práticas Integrativas e Complementares oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2019.

Técnicas de auto-hipnose

As técnicas de auto-hipnose são feitas com base em protocolos específicos. O especialista cita três métodos. O primeiro exige que o praticante relaxe.

“É preciso entrar em um estado de relaxamento como se estivesse meditando. Isso envolve um ambiente tranquilo. Geralmente, a orientação é escrever uma frase e repeti-la até se concentrar”, descreve.

O segundo se baseia no que Porto chama de “sobrecarga do sistema nervoso”. “A pessoa posiciona o globo ocular para cima e espera até que gere uma fadiga sobre ele. Quando isso acontecer, vai dar vontade de fechar os olhos”, explica.

Existe também a auto-hipnose guiada. Nessa situação, um profissional orienta o processo com um áudio ao fundo que é capaz de acionar um gatilho, fenômeno que não é restrito ao estado de hipnose e pode acontecer em diferentes ocasiões, como por exemplo ao ouvir uma música e lembrar de álguem ou sentir um cheiro e associar a uma comida.

A hipnose pode ser usada por diversas áreas da saúde. Uma delas é a odontologia. O dentista pode usar a técnica para fazer com que um paciente seja capaz de controlar sua própria dor.

“Se encaixa em qualquer situação que exija controle da dor, pois ela também é consequência uma sinapse neural”, analisa. Em entrevista ao R7, o hipnoterapeuta Vitor Madureira também explicou como a hipnose pode aliviar os efeitos da quimioterapia.

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