Ato em defesa do Pantanal na 6ª homenageia ativista morto na Capital
No ano seguinte ao período recorde de destruição do Pantanal, provocada por incêndios florestais – em boa parte, vindos da ação de grandes proprietários rurais – manifestantes organizam ato em defesa do bioma para amanhã (12) em Campo Grande. A data também homenageia o ativista Francisco Anselmo de Barros, que ateou fogo no próprio corpo em protesto contra a instalação de usinas de álcool na região, em 2005.
A ação ocorre no cruzamento das ruas Barão do Rio Branco e 14 de Julho, no Centro, tem início às 16h e é organizada por entidades de defesa do meio ambiente e da educação. A Adufms (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) ressalta o aumento na devastação pantaneira, em meio a atuais políticas públicas do governo federal.
“Durante sua gestão, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, atualmente investigado por extração ilegal e tráfico de madeira, chegou a defender a liberação de desmatamento no Pantanal para criação de gado, diante da comissão do Senado que acompanhava o combate aos incêndios”, diz a entidade.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que houve 8 mil focos de incêndio na parcial deste ano. No ano anterior, houve mais de 21,7 mil – o maior índice verificado pelo órgão, desde sua criação.
Neste período, o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) aponta que foram incendiados 2,2 milhões de hectares, correspondentes a 15% da área. Ainda que potencializadas nos últimos anos, as problemáticas também vêm de tempos anteriores – em um período de 35 anos, houve redução de mais da metade da área hídrica do bioma, reduzindo período de cheias de seis para dois meses.
Francelmo – O dia escolhido motiva uma série de manifestações, anualmente. A data ocorre em homenagem ao jornalista e ambientalista Francisco Anselmo de Barros, conhecido como “Francelmo”, que se imolou durante um protesto contra a instalação de usinas de álcool e açúcar na bacia do Rio Paraguai.
Esse projeto foi enviado à ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) em agosto de 2005, pelo então governador José Orcírio Miranda dos Santos (PT). No entanto, a proposta não foi aprovada, após intervenção da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Francelmo estendeu dois colchonetes em forma de cruz no calçadão da Rua Barão do Rio Branco, ensopou-os com gasolina e ateou fogo por volta das 12h de sábado. O ativista teve queimaduras em 100% do corpo, segundo informou a Santa Casa de Campo Grande, à época, e morreu em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
(CAMPO GRANDE NEWS)