Após ida ao STF, Bolsonaro reza Pai Nosso e diz ser ‘paz e amor’

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interrompeu hoje uma entrevista para rezar o Pai Nosso e, ao final, disse ser “paz e amor”, apesar de admitir que tem um “problema” com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sem citá-lo nominalmente, Bolsonaro acusou Barroso de “ativismo legislativo” por ser contra a adoção de um “comprovante” impresso após votação na urna eletrônica.

Ele também negou que se arrependa dos recentes ataques feitos ao presidente do TSE, a quem acusou falsamente de “defender a pedofilia” e a “redução da maioridade para estupro de vulneráveis”. Barroso nunca disse nada semelhante — e, em 2017, ainda fez exatamente o oposto, votando a favor da continuidade de uma ação penal contra um jovem de 18 anos que manteve relações com uma menina de 13.’

“Para de falar em ‘se arrepende’! O que está feito está feito, eu não vim aqui para brigar com ninguém. Acabei de falar. Vai acabar entrevista! Vamos rezar o ‘Pai Nosso’ aqui?”, disse Bolsonaro em entrevista a jornalistas, após reunião com o ministro Luiz Fux, presidente do STF.

Quem está atacando quem? Você está equivocado. Estou tendo problema com um ministro [Barroso]. Ele está tendo um ativismo legislativo que não é concebível na questão do voto impresso. Eu acredito que nós, ao apresentarmos e lutarmos por mais uma maneira de tornar as eleições transparentes, [isso] deveria ser digno de aplauso por parte dele. (…) Não conseguimos entender a posição dele no tocante a isso.Jair Bolsonaro, em entrevista a jornalistas

Bolsonaro se encontrou com Fux às 17h, no STF. A reunião, segundo o presidente, durou cerca de 20 minutos, e aconteceu em meio a uma intensificação dos ataques de Bolsonaro a ministros do STF — em especial, Barroso.

As falsas acusações de Bolsonaro, bem como os repetidos ataques ao Judiciário e os questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral no Brasil, geraram uma reação por parte de outros ministros do STF. Gilmar Mendes, por exemplo, saiu em defesa de Barroso, e reforçou que disseminar notícias falsas é danoso à democracia.

“Disseminar notícias falsas é corrosivo para a democracia e configura crime. Não existe juiz da Corte Constitucional brasileira favorável à pedofilia, à tortura ou a qualquer forma de violência. A mentira jamais vai conseguir impedir a defesa da Constituição”, escreveu o ministro em uma rede social.

Disseminar notícias falsas é corrosivo para a democracia e configura crime. Não existe juiz da Corte Constitucional brasileira favorável à pedofilia, à tortura ou a qualquer forma de violência. A mentira jamais vai conseguir impedir a defesa da Constituição. #VerdadesdoSTF pic.twitter.com/GJWoobMwTa

 

—Gilmar Mendes (@gilmarmendes) July 12, 2021

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