Apesar do atraso para fim do embargo japonês, secretário descarta prejuízos à avicultura de MS
A chácara em Bonito onde foi descoberto o foco chegou a ser isolada para evitar que a doença se espalhasse
Conforme a previsão inicial feita pelo próprio secretário, que se baseou nos casos de Santa Catarina e do Espírito Santos, o embargo acabaria em 28 dias, a contar do dia 12 de setembro, quando foi confirmado o foco de gripe aviária em uma criação doméstica de frangos no município de Bonito.
Se essa estimativa tivesse se confirmado, a retomada das exportações teria sido autorizada na semana passada, dia 11, o que não aconteceu.
Porém, o superintendente federal de agricultura, José Antônio Roldão, entende que esse prazo de 28 dias deve ser computado somente a partir do dia 19 de setembro, quando o Japão oficializou o embargo. Mesmo assim o prazo também já acabou e o anúncio não veio.
Mas, apesar dessa divergência na contagem dos dias, ambos fazem questão de enfatizar que o foco foi devidamente controlado e que é apenas uma questão de dias ou horas para que as exportações sejam retomadas.
Em entrevista ao Correio do Estado na manhã de quarta-feira (18), Roldão pediu 15 minutos de prazo para consultar uma fonte no Ministério da Agricultura em Brasília e, possivelmente, anunciar a liberação. Porém, 24 horas depois ele ainda não havia dado retorno sobre o esperado documento. Mas, enfatiza que não existe nenhum tipo de problema mais grave que esteja provocando a demora.
Jaime Verruck, por sua vez, garante que o Ministério da Agricultura já comunicou o encerramento do caso à Organização Mundial de Saúde e esta, por sua vez, repassou as informações ao governo japonês. Por isso, a expectativa dele é de que, no máximo até a próxima semana saia o documento.
O governador Eduardo Riedel, porém, se mostrou menos otimista e também nesta quarta-feira (18) afirmou que até o fim do mês ou começo de novembro as exportações devem ser restabelecidas.
Mas enquanto isso, garante o secretário, o setor não sofreu nenhum prejuízo e o atraso não vai mudar esse cenário. “Até o momento nós não tivemos nenhuma redução de abate no Estado. Aquela produção destinada ao Japão é destinada a outros países e outros estados destinam parte de sua produção ao Japão. Não há nenhum contratempo, nós não temos nenhum caso em investigação de gripe aviária. Felizmente todos os casos posteriores a Bonito foram negativos e até o momento não temos nenhum prejuízo para a avicultura sul-mato-grossense”, explicou o Verruck.
O foco de gripe aviária em uma chácara de Bonito, o terceiro no país em aves domésticas, foi confirmado no dia 12 de setembro e uma semana depois, dia 19, o Japão interrompeu as importações, assim como já havia acontecido em Santa Cataria e Espírito Santo. Lá, porém, 28 dias depois o embargo foi suspenso, ao contrário do que ocorreu aqui.
Apesar de as autoridades minimizarem a relevância desse embargo, por ser temporário, o Japão é fundamental para o setor de aves no Estado. Ele é o segundo principal destino da carne de frango de daqui e, em média, o Estado exporta em torno de US$ 5,5 milhões (R$ 27 milhões) ao país asiático por mês.
O Brasil é líder nas exportações de frango para o mundo, respondendo por 35% do mercado global. Segundo dados do AgroStat (sistema de estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro), Mato Grosso do Sul exporta ao país 18,4% de sua produção de carne de frango in natura, ficando atrás somente da China.
A perda permanente de um parceiro como Japão poderia causar grave impacto ao setor, que no ano passado foi responsável por movimentar mais de R$ 1,6 bilhão em exportações (US$ 339 milhões), conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
De janeiro a agosto deste ano, MS exportou US$ 236 milhões (R$ 1,14 bilhão) em produtos da avicultura negociados com outros países. O setor tem 550 produtores e emprega cerca de 50 mil pessoas. Nenhuma destas granjas, porém, foi infectada.
Depois da descoberta do foco em uma propriedade em Bonito, as aves foram sacrificadas, a chácara foi isolada e uma varredura num raio de dez quilômetros foi feito durante semanas para descobrir se havia outros focos na região. E, conforme as autoridades sanitárias locais, nada foi descoberto.
CORREIO DO ESATDO