Amplavisão 1400 – Mandetta: uma estrela que sobe
‘O OUTRO’ Enquanto o ex-governador Puccinelli (MDB) está em plena atividade política, seu ex-Secretário de Obras e homem de confiança Edson Giroto leva mais uma ‘cacetada’ na segunda sentença condenatória da ‘Lama Asfaltica: 7 anos e 6 meses de prisão. Em março de 2019 já fora condenado a 9 anos e 10 meses de prisão. O total agora chega a 17 anos e 4 meses e Giroto perdeu todos os recursos, inclusive no STF. Sem os bens que surrupiou, tomados pela justiça e com chance de novas condenações , ele pode ser equiparado a situação do ex-governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro. Plantou, colheu! Desejos sem limites e regras imorais que levam à desonra da prisão.
ESTRATÉGIA Valeu o ‘berro’ da sociedade, através das entidades produtivas e da manifestação através das redes sociais. Percebendo que o projeto ‘cavernoso’ das taxas cartorárias seria barrado na Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça espertamente desistiu através da solicitação de arquivamento. Não acredito em novo projeto – como prometido – para abaixar essas taxas oceânicas que colocam o Estado como o mais cruel nas facadas cartorárias. Mas aqui fica a pergunta incômoda aos deputados: não irão eles propor um projeto para diminuir os valores destas taxas ou não querem se indispor com o poderoso Poder Judiciário? Aguardo a resposta. Essa tal Anoreg é ‘sanguinolenta’!
JOAQUIM MURTINHO A maioria só tem como referências a cidade de Porto Murtinho e a rua que leva seu nome na capital e em outras cidades. Ele nasceu em Cuiabá em 1849 e foi para o Rio de Janeiro. Formou-se engenheiro e médico homeopata e a partir de 1890 se elegeu senador 3 vezes e foi ministro de Obras ( Governo Manoel Vitorino) e da Fazenda (Governo Campo Sales). Tornou-se o maior acionista da Cia Mate Laranjeira e da Cia de bondes do RJ. Ele mandou na política de MT de 1892 a 1911 elegendo inclusive todos os senadores e deputados federais, impondo derrota aos grupos de Generoso Ponce e Antonio Paes de Barros.
E MAIS… Joaquim Murtinho era tão influente politicamente que em 1890 conseguiu que o presidente Deodoro da Fonseca demitisse o governador Antonio Maria Coelho e ganhou a concessão de duas ferrovias para seus dois irmãos. A Oligarquia Murtinho era forte: seu irmão Antonio Murtinho também comandou o governo estadual no Império e fora presidente de MT de 1892 a 1895 e ministro do STF no Império. O irmão mais velho de Joaquim foi senador e seu outro irmão Francisco Murtinho foi presidente do Banco Rio e Mato Grosso. Joaquim Murtinho morreu no RJ em 1911, aos 62 anos de idade. Detalhe: Sem jamais voltar à Cuiabá deu as cartas na política de Mato Grosso.
‘CURIOSIDADES’ O tal Banco Rio e Mato Grosso foi criado em 1891 ( ação entre amigos!) com autorização do Governo. Os incorporadores eram Francisco Moreira da Fonseca, Francisco Murtinho e Francisco de Paulo Mayrink. O banco operou só até julho de 1902 quando entrou em liquidação amigável . Embora com sede no Rio de Janeiro, sua finalidade era de operar em MT tendo eles ( antes mesmo da constituição do banco) ganho por decreto, a cessão gratuita de 500 mil hectares de terras em 10 glebas de 50 mil has. cada. O banco teve agencia em Cuiabá e caixa filial em Corumbá.
No fundo o banco era só fachada dos interesses da Cia Mate Laranjeira aqui no Estado. Como se vê, a esperteza (500 mil has.) dos políticos brasileiros não é invenção recente.
CONFLITOS Eles não devem faltar nas relações sociais nesta época de coronavirus. Afinal – o brasileiro se acha o rei da cocada, acima de tudo e das regras inclusive. Nos bancos, no comércio e no dia a dia, é comum a desobediência às normas do Ministério da Saúde. Imagine o que vai acontecer então nos condomínios residências com piscinas, local de recreação infantil e salão de festas. A função do síndico será dificultada por esse tipo de comportamento de condôminos sem preparo para conviver com seus semelhantes no mesmo espaço. Se em época normal as relações nos condomínios andam difíceis, com discussões e brigas inclusive, agora ficará insuportável. É guerra!
CONFIRA: “ (…)…Existe muito a se conhecer sobre a China e os chineses. Assim como comem cachorros, produzem excelentes vinhos…Um país que tira milhões de pessoas da pobreza, mas que mantém o desafio da desigualdade…Tanto a desinformação a respeito do vírus quanto o próprio desinteresse sobre o vírus são sintomáticos de uma era de pobreza informacional no âmbito intercultural. Só falamos do vírus de forma egoísta: quando o risco e o pânico batem em nossa porta…” ( Rosana Pinheiro Machado, do The Intercept Brasil).
SACANAGENS Sai governo – entra governo e a Receita Federal continua tratando o contribuinte como inimigo, tendo em seu comando uma casta que parece viver em outra dimensão. Lá atrás, Bolsonaro jurou de pés juntos de que iria elevar o valor mínimo da isenção do pagamento do Imposto de Renda. No poder, ele não fala mais nisso. Outra barbaridade ocorreu em relação ao incentivo para que todos os patrões registrassem a empregada doméstica sob a promessa de que seria teriam o desconto na declaração do Imposto de Renda. Os patrões acreditaram e agora vão dançar sob o olhar silencioso dos políticos (coniventes ou ingênuos?)
REFLEXÃO: “As epidemias são uma categoria de doenças que, como um espelho, confrontam-nos com quem realmente somos. (…) Para enfrentá-las, é fundamental tomar consciência de que estamos todos juntos, fazemos parte da mesma espécie, o que afeta uma pessoa afeta todas as outras, sem divisões de raça ou status econômicos.” Trecho da entrevista de Frank M. Snowden, professor emérito de história da medicina na Universidade Yale para a revista The New Yorker. Conclusão: estamos todos no mesmo barco, podemos ir para o mesmo buraco.
ALERTAS: Ceder faz parte do jogo político. Bolsonaro foi congressista e sabe como as coisas funcionam. A força do eleitorado pode não reverter a sua falta de apoio lá no Congresso. Uma aposta perigosa. Os exemplos do passado mostram isso. Afinal, os congressistas tem igual legitimidade do presidente, pois também foram eleitos pelo voto. Pior: não temos a dimensão que o coronavírus tomará e até aonde impactará as economias nacional e mundial. As pessoas jurídicas e físicas estão apavoradas pelas oscilações da bolsa de valores . O momento exige equilíbrio do Governo. Bolsonaro deveria se inspirar na postura do ministro Mandetta, da Saúde. Seria o suficiente.
O CACIFADO: Antes, era o ministro da Justiça Sergio Moro a figura maior de todo o ministério do Governo Federal. Com a explosão da pandemia do coronavirus, o ministro Luiz H. Mandetta, discretamente – lembrando os mineiros – foi encarando os desafios e com postura e declarações didáticas e não agressivas caiu no gosto da população. Independentemente do final deste episódio, Mandetta sairá vitaminado politicamente a ponto de ser figura obrigatória no pleito de 2022. Já se fala: com Puccinelli fora de combate, o senador Nelsinho Trad (PSD) ainda com mandato, o atual ministro será uma nova opção para a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Quem viver, verá!
VERDADE? Circulam várias teses sobre o aproveitamento econômico em cima da crise do coronavirus. Uma delas é que a China, internamente com uma inflação alta e concentração de renda superior dos americanos , acompanha a instabilidade e as crises nos mercados de valores representados pela volatilidade dos preços negociados na bolsa. Com isso aproveita através da compra de ações estrangeiras e brasileiras a preços baixos cujos resultados só saberemos no fim da pandemia. Fala-se que empresas nossas conhecidas mudarão de mãos. É legal, como permite a economia globalizada. Enfim, os chineses comprando algo mais que a simples pipoca em frente a escola. Eles podem!
FANTASMAS Eles estão por aí, às vezes levados a sério ou tratados com nossa ironia costumeira. Mas há quem compare essa crise com aquela de 2008/2009 da ‘bolha imobiliária nos ‘States’ e Europa que foi uma carnificina nos mercados globais de ações. O diabo é que o coronavirus apareceu num momento inoportuno – quando americanos e chineses travavam um guerra de mercado. Prorrogar as contas mensais (água, energia etc) é simplesmente empurrar com a barriga. O Governo terá que arrumar dinheiro para bancar gastos bem mais altos do que garantir a cesta básica. Boa hora para medir a ‘sensibilidade’ do glorioso congresso nacional. Pra rir ou chorar.
NA TERRINHA Governo e prefeitura da capital vão fazendo as lições que o caso inédito exige. Suspensão das aulas, redução do pessoal, a concessão de férias aos servidores, revezamento de turnos, diminuição do atendimento presencial ao público são algumas delas. Já o prefeito Marcos Trad (PSD) após decretar emergência na saúde pública recomendou o fechamento por 15 dias de shopping centers, academias de ginástica, parques de lazer e restrição em 30% no horário de atendimento de bares e restaurantes. Museus, igrejas, cinemas, teatros, bibliotecas e centros culturais só poderão contar com apenas 50 pessoas. Quanto aos eventos públicos foram cancelados.
NA ASSEMBLEIA : Deputados José C. Barboza (DEM) e Marçal Filho ( MDB) juntos assinaram projeto aprovado que denomina Olga C. Parizotto o futuro Hospital Regional de Dourados com 79 leitos ao custo de R$79 milhões oriundos de recursos diversos. Enquanto isso o deputado Antonio Vaz (Republicanos) é autor de projeto que institui o Código de Defesa do Empreendedor. Já o deputado Zé Teixeira (DEM) foi autor de emenda ao projeto do Executivo prorrogando em 30 dias a dilação de prazo para pagamento de Créditos tributários. Finalmente o deputado capitão Contar (PSL) e o deputado José C. Barbosa participam das ações da CPI da Energisa mesmo neste período de recesso parlamentar.
Uma epidemia diz mais sobre nós mesmos do que sobre a própria doença.” (Denise Pimenta, antropóloga da USP).