Além da Bioceânica: confira outras rotas de integração para encurtar distâncias.
Rota de Integração Latino-Americana, na altura do Cordilheira dos Andes (Foto: Paulo Cruz)
Muito se ouve falar do corredor rodoviário Bioceânico ou Rila (Rota de Integração Latino-Americana) saindo de Mato Grosso do Sul com destino ao Paraguai, à Argentina e ao Chile. Mas existem outros caminhos que encurtam e facilitam o escoamento dos produtos brasileiros. É por isso que o governo federal está investindo no projeto das Cinco Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano, do Ministério do Planejamento e Orçamento.
A integração pode encurtar em torno de 7 mil quilômetros a distância que os produtos brasileiros, sobretudo da agroindústria, levam até o mercado consumidor asiático. Em tempo de transporte, a economia pode chegar, em alguns casos, a 20 dias, gerando expressivo aumento de competitividade dos produtos brasileiros.
Rota Ilha das Guianas – Inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela;
Rota Multimodal Manta-Manaus – Contemplando inteiramente o estado do Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador;
Rota do Quadrante Rondon – Formada pelos estados do Acre e Rondônia e por toda a porção oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru;
Rota de Capricórnio – Desde os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, ao Paraguai, Argentina e Chile;
Rota Porto Alegre-Coquimbo – Abrangendo o Rio Grande do Sul, integrada à Argentina, Uruguai e Chile.
Mapa das cinco rotas de integração (Arte: Barbara Campiteli)
A ministra da pasta, Simone Tebet (MDB), falou sobre as rotas durante cerimônia de assinatura para execução das obras de acesso à ponte Bioceânica, na manhã desta terça-feira (19), no Bioparque Pantanal, em Campo Grande.
“A iniciativa nasceu para incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul, além de reduzir tempo e custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia”, defende a ministra. As obras para a conclusão de três das cinco rotas devem ser finalizadas até 2026, incluindo corredor que passa por Mato Grosso do Sul.
Simone Tebet no Bioparque Pantanal (Foto: Marcos Maluf)
Durante muito tempo, o foco do Brasil no comércio eram os países da Europa e os Estados Unidos, o que privilegiou as rotas pelo Atlântico, até pelo vasto litoral do país margeado por esse oceano. Nos últimos anos, ocorreu um deslocamento da produção rumo aos Estados do Centro-Oeste e do Norte e um incremento muito forte do comércio com os países asiáticos, disse a ministra. O peso da exportação da agropecuária do Centro-Oeste no total da exportação desse segmento, por exemplo, passou de 17% em 2000 para 45% do total em 2022.
Em 2002, quando a agenda de integração sul-americana tinha acabado de ser inaugurada a partir do Ministério do Planejamento, a corrente de comércio entre o Brasil e os vizinhos era muito parelha com a asiática. O Brasil importava US$ 8,7 bilhões dos vizinhos da América do Sul e US$ 8 bilhões dos asiáticos. Nas exportações, os valores também eram próximos: US$ 7 bilhões em bens e serviços para os países da América do Sul e US$ 8 bilhões aos asiáticos. Desde então, as exportações para a Ásia explodiram: chegaram a US$ 139 bilhões de janeiro a novembro deste ano. Para os vizinhos, o crescimento foi bem mais modesto, atingindo US$ 40 bilhões.
Os dados, ponderou a ministra, sugerem tanto que o Brasil pode aumentar o comércio com os países vizinhos, como a pujança com a Ásia indica que é preciso buscar novas rotas. “O que vemos hoje, comprovado por números e pela quilometragem, é que o caminho mais fácil a percorrer para chegar à Ásia é pelo Pacífico. E nós não estamos falando aqui de produtos industrializados que vêm de São Paulo e das fábricas, nós estamos falando de produtos do interior do Brasil, cujo caminho via Pacífico se mostra mais eficiente”, disse Simone Tebet.
Representantes dos 11 Estados brasileiros que fazem fronteira com os países da América do Sul encaminharam uma lista de obras consideradas prioritárias para estimular a integração. Essas obras foram cruzadas com as 9,2 mil obras do Novo PAC e indicaram uma lista de 124 empreendimentos com caráter direto de integração sul-americana, que estão sendo chamadas de PAC da Integração. São empreendimentos que envolvem infovias, rodovias, pontes, portos, hidrovias, aeroportos, ferrovias e linhas de transmissão de energia elétrica. Colocadas no mapa, essas obras apontaram cinco rotas de integração. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS