Ajustes no decreto de quarentena em Campo Grande animam comerciantes


A flexibilização de decreto municipal que limitou funcionamento de estabelecimentos comerciais em Campo Grande animou parte do setor. Nesta sexta-feira (27), o Jornal Midiamax conversou com comerciantes do ramo de alimentos, que afirmaram que a medida dá fôlego ao setor.

Casa de Salgados vai limitar acesso ao balcão e atendimento será na porta | Foto: Leonardo de França | Midiamax
Na última quinta-feira (27), durante transmissão pelas redes sociais, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) anunciou a autorização para reabertura de restaurantes, casas lotéricas, indústrias, igrejas e construção civil, mas seguindo regras específicas.

“A gente vai, sim, obedecer a determinação do presidente da República, desde que preencha todos os pontos que a gente vai exigir”, adiantou, ressaltando que haverá fiscalização intensa sobre os estabelecimentos que voltarão a funcionar.

Mais cedo, Marquinhos Trad havia afirmado que o número de comércios abertos após o toque de recolher em Campo Grande aumentou em 400% após declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Proprietário de restaurante considera flexibilização insuficiente | Foto: Leonardo de França | Midiamax
Há três anos à frente de uma casa de salgados no Aero Rancho, Luzinete Xavier, de 48 anos, viu a medida como um alívio. “Eu vivo disso. Essa mudança é necessária porque as pessoas precisam trabalhar, têm contas a pagar. E aqui vamos disponibilizar álcool em gel para os clientes. Também vamos impedir a entrada de pessoas, o atendimento vai ser na porta, o balcão de atendimento e o de vendas não funcionarão”, detalha.

Autônomo, o vendedor de laranjas Renato Bastos, de 26 anos, também viu as mudanças com bons olhos. “Não tinha para quem vender, nem para consumidores comuns, nem para os horti-frutis. A demanda caiu demais. Perdi 50% das vendas”, conta.

Já o proprietário de um restaurante que funciona há 20 anos no Aero Rancho, Ulisses Wilter, de 29 anos, disse que o decreto é insuficiente. “Tinha que abrir tudo, meu comércio depende dos outros, precisa que os outros funcionem para ter demanda. O certo era todo mundo abrir, mas cada um fazendo sua parte”, opinou.

Flexibilização polêmica
O anúncio de novo decreto que flexibiliza as limitações ocorreu logo após pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em rede nacional, que criticou as medidas adotadas por governos e municípios. O anúncio foi considerado polêmico e contraria tanto as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), como as medidas adotadas pela maioria dos líderes mundiais.

Após o ocorrido, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já concordou com a mudança no formato do isolamento horizontal para vertical, mas ainda estuda como implementar a medida. No Ministério da Saúde, a implementação da medida é vista como algo que depende da realização de testes rápidos em larga escala no País. Assim, será possível verificar quem está com a doença e quem está liberado para fazer outras atividades.

A postura do presidente, no entanto, foi criticada por parlamentares e até mesmo pelo Governo do Estado, e comparada ao defendido pelo prefeito de Milão, pouco antes da pandemia ser anunciada, o que é apontado como uma das razões da Itália ter se tornado o novo epicentro do coronavírus, causador da Covid-19.

O que muda
Além da reabertura de restaurantes, Marquinhos destacou que o transporte coletivo, comércios (incluindo shoppings e demais estabelecimentos) seria feita “homeopaticamente”, desde que não ocorresse aumento nas estatísticas de Covid-19 na cidade, que tem a maioria dos casos da doença em MS.

A reabertura deverá ser discutida, ainda, com as associações que representam o setor. Conforme decreto, o funcionamento dos seguintes estabelecimentos será permitido a partir de sexta-feira (27) [com exceção das igrejas, que só poderão abrir na próxima segunda-feira (30)]:

Restaurantes – O funcionamento será permitido com lotação máxima reduzida em 70% da capacidade normal, ou seja, apenas 30% da capacidade. Também será exigida higienização completa do local antes da abertura e após o término dos trabalhos. Utensílios e máquinas de cartão deverão ser higienizados com produtos como álcool 70%. A distância mínima entre as mesas será de dois metros. Todos os funcionários deverão utilizar equipamentos de proteção individual para prevenção, como luvas e máscaras descartáveis. Também deverá ser feita aferição de temperatura corporal mediante termômetro infravermelho, se possível. Caso alguém apresente febre, não deverá entrar no estabelecimento. A partir da reabertura, serão feitas ‘rondas-surpresa’ nesses locais.
Casas lotéricas – O horário permitido para funcionamento será das 9h às 17h. Só poderão ser reabertas com higienização completa do local e, depois, de duas em duas horas nova higienização. Todos os funcionários deverão usar máscaras e luvas. O estabelecimento terá a lotação máxima que permita distância de 1,5 metro de um para o outro, incluindo os caixas. Todos os locais devem dispor de álcool gel, senão não poderão reabrir.
Indústrias – Deverão cumprir notas técnicas, fornecendo lavatórios com água e sabão; orientando os trabalhadores; limpeza e higienização de superfícies; restrição da entrada de pessoas não autorizadas; distanciamento com mínimo de 1,5 metro. As medidas estarão disponíveis com a publicação do decreto no Diogrande.
Igrejas – A abertura será autorizada somente a partir de segunda-feira (30), obedecendo às seguintes condições: higienização completa do local antes e após utilização; respeitar limite de lotação de uma pessoa a cada 10 metros quadrados; distância mínima de 1,5 metro entre cada pessoa; oferecimento permanente de produtos para higienização das mãos; aferição de temperatura corporal; manter o local totalmente arejado, com todas as janelas e portas abertas; funcionamento das 6h até 19h30; limite de até dois cultos por dia. O prefeito fez questão de, durante a transmissão, ler comentário de internauta dizendo que ‘os templos somos nós’.
Construção civil – Similares à indústria, com fornecimento de produtos de higienização; limpeza das ferramentas e equipamentos; esterilização de grandes superfícies; restrição da entrada de terceiros, incluindo fornecedores; máximo de 20 trabalhadores, sempre usando equipamentos de proteção.

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