Itamaraty irá agora examinar participação em projeto mundial de vacina
O chanceler Ernesto Araújo explicou nesta quarta-feira em um encontro privado que o governo brasileiro irá debater sua participação em uma aliança internacional para desenvolver a vacina contra a covid-19.
A informação é do senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações de Exteriores do Senado, que pediu uma audiência com o ministro nesta semana justamente para tratar desse assunto.
Em abril, a coluna revelou com exclusividade que a OMS se aliou a um grupo de países europeus e lançou um projeto ambicioso de US$ 8 bilhões para acelerar o desenvolvimento de uma vacina. Naquele momento, dezenas de países de várias partes do mundo se somaram à iniciativa.
Um dia antes do anúncio, a reportagem do UOL entrou em contato com diplomatas em Brasília que sequer sabiam da existência da iniciativa. A coluna apurou que, na OMS, a informação tampouco havia sido compartilhada com o governo brasileiro. Por semanas, o presidente Jair Bolsonaro estava atacando a direção da OMS, enquanto o chanceler já iniciava sua campanha para alertar sobre o risco do vírus do comunismo nas agências internacionais.
Naquele momento, procurado pelo UOL, o Ministério da Saúde explicou que o Brasil já estava envolvido com “outras iniciativas”, sem explicar jamais quais seriam.
Fora da aliança, o temor é de que o Brasil não esteja entre os governos que receberão como prioridade a vacina. Essa possibilidade deixou senadores e outros membros do Congresso preocupados. Nelsinho Trad, portanto, solicitou uma reunião com o chanceler.
De acordo com o senador, Araújo explicou que o governo federal irá tratar do assunto uma reunião inter-ministerial, no começo de junho. Na ocasião, será debatida a condição de entrada do Brasil nessa iniciativa e determinar de qual forma a participação poderá ocorrer.
Além do Brasil, não participa do projeto o governo dos EUA. Washington tem causado atritos dentro da OMS e mesmo com aliados ao deixar claro que não aceitará que governos estrangeiros tenham o direito de quebrar patentes de uma futura vacina ou que o produto seja considerado como um “bem público mundial”.