É preciso também levar em conta que, em outubro, o estudo técnico da Agereg abrange dados até o dia 24 e não são informados os valores dos meses subsequentes. Ou seja, essa sequência de receitas positivas pode ter se estendido até este mês.
Para se ter uma ideia, apenas em 24 dias de outubro, a concessionária arrecadou R$ 11,3 milhões, com superavit de R$ 803,3 mil, valor maior do que nos 30 dias de setembro, por exemplo, o que mostra que a toada das empresas de transporte é de melhora neste fim de ano.
Isso porque, além dos passageiros pagantes, o Consórcio Guaicurus também recebe subsídio da prefeitura e do governo do Estado para as gratuidades.
No caso do município, neste ano, foram destinados cerca de R$ 12 milhões às empresas do setor como forma de compensação pela gratuidade dos estudantes da Rede Municipal de Ensino (Reme) e de pessoas com deficiência.
Já o governo do Estado destinaria R$ 10 milhões em 2023 para os alunos da Rede Estadual de Ensino (REE).
Mesmo com o equilibro financeiro constatado pela Agereg nos meses informados,
o Consórcio Guaicurus alega que falta dinheiro em caixa para o pagamento de salário dos funcionários e teme que a situação “piore” em 2024.
“A gente conseguiu fazer o pagamento do 13º salário, mas, infelizmente, não conseguimos fazer o pagamento do adiantamento salarial por causa do descumprimento contratual da Prefeitura de Campo Grande da data-base da tarifa”, disse Paulo Vitor Oliveira, diretor de Operações do Consórcio Guaicurus, em coletiva de imprensa.
Manifestações e paralisações com relação ao não pagamento do adiantamento salarial chegaram a ser cogitadas pelos funcionários do Consórcio Guaicurus, segundo o diretor, e a direção do Consórcio chegou a se reunir com o sindicato da categoria para anunciar que a empresa não tem condições de realizar o pagamento dos salários.
“Nos reunimos com o sindicato, mostramos que não seria possível realizar o pagamento do adiantamento salarial, estamos trabalhando para que não ocorra paralisação e que a gente consiga fazer esse pagamento. Ainda falta o aporte dos subsídios, que deve acontecer”, disse Paulo.
Com a alegação da falta de dinheiro e de um deficit de R$ 1,8 milhão (de março ao dia 24 de outubro), o Consórcio Guaicurus descarta o investimento em melhorias, como nova frota de ônibus.
“Nos estamos em um momento que não estamos conseguindo pagar salário. É totalmente improducente a gente falar de frota em um momento como esse. A própria agência de regulação mostra que a questão da frota é uma consequência do desequilíbrio, e não a causa. A gente precisa que esse equilíbrio ocorra, para a gente retomar a troca da frota e ter a melhora do transporte público”, acrescentou Oliveira.
No documento apresentado à imprensa, a concessionária alegava um deficit acumulado no ano de R$ 10 milhões. Entretanto, o diagnóstico feito pela Agereg levou em consideração o valor da tarifa técnica decretada em março, que é de R$ 5,80, para os meses de outubro, novembro e dezembro de 2022 e também para janeiro e fevereiro deste ano, quando na verdade a tarifa técnica era de R$ 5,15. Sendo assim, a alegação desse deficit pode não estar correta.
AUDIÊNCIA
A coletiva de ontem foi uma resposta após a audiência de conciliação entre a prefeitura e o Consórcio Guaicurus, que ocorreu na quarta-feira, ter terminado sem consenso, o que fez com que o reajuste da tarifa do transporte coletivo seja definido só em 2024.
Na ocasião, foi debatido a possibilidade do reajuste da tarifa ser decidido antes do fim do ano ou antes de março do ano que vem, quando a Prefeitura de Campo Grande usará como base o valor
da tarifa técnica, definida em R$ 5,95, para decretar a tarifa pública.
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