Com retomada de chuvas, até imagem rara de onças-pintadas em bando volta a ser feita no Pantanal

Quatro onças foram filmadas cruzando de uma marga para a outra, perto da foz do rio Miranda com o rio Paraguai – Reprodução

Nível do rio Paraguai e de afluentes, na Bacia do Alto Paraguai, está subindo com a volta das chuvas neste ano. Nesse mesmo ciclo, o avistamento de onças-pintadas em territórios urbanos e em áreas onde há fluxo de turistas tem sido mais intenso que nas épocas de estiagem.

Entre fevereiro e março, foram em torno de 10 animais que foram flagrados e fotografados ou filmados perto de Corumbá; na BR-262, no município de Miranda; no rio Paraguai, no distrito de Albuquerque. O registro mais recente e raro foi de quatro onças-pintadas nadando juntas.

Turistas que passavam perto da foz do rio Miranda com o rio Paraguai, com um piloteiro do Hotel Pesqueiro da Odila, conseguiram registrar o momento que os animais cruzaram uma margem para outra, nadando juntos. O profissional que guiava o grupo visualizou as onças-pintadas e avisou os demais da embarcação.

“Olha elas aí voltando. Olha aí. Olha elas aí. Uma mergulhou. Uma ficou para trás, olha isso. Está vendo que coisa linda”, comentou uma das pessoas que filmava a cena.

Conforme especialistas, encontrar um grupo dessa forma é raro porque a espécie costuma andar sozinha. Outra situação que foge da regra é que elas foram avistadas durante o dia, por volta do meio-dia do sábado (18).

Em geral, as onças-pintadas circulam à noite, porém elas transitam durante o dia em áreas que consideram seguras.

O biólogo do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Sérgio Barreto, confirmou que o registro é raro e destacou que profissionais que atuam no Pantanal devem ter sensibilidade para evitar contato, mesmo assim permitir que turistas possam fazer o avistamento e registro de forma segura.

“Nossa equipe está no campo todos os meses, realizando o monitoramento ambiental dentro do projeto Cabeceiras do Pantanal, ainda temos o programa Felinos Pantaneiros, e nos impressionamos. Imagina as pessoas que estavam na embarcação e puderam realizar esse avistamento e registro. A gente fica feliz pelo comportamento do piloteiro, que reduziu a velocidade, manteve uma distância segura dos animais e conseguiu proporcionar uma posição segura para os turistas”, ressaltou.

Apesar da possibilidade de o vídeo ter sido feito de uma mãe com três filhotes, como as imagens estão concentradas no período em que todos estão nadando, os especialistas do IHP não puderam confirmar essa informação.

Como há o monitoramento ambiental pelo IHP na região do rio Miranda, a equipe vai a campo e pode conseguir identificar as onças-pintadas, caso elas sejam avistadas novamente.

Em publicação na rede social do IHP, o fotógrafo Weber Girardi comentou que conseguiu um registro desse tipo em 2018, período que o rio Paraguai estava com nível mais elevado e antes da estiagem iniciada em 2019.

Esse registro anterior ocorreu perto da escola Jatobazinho, que fica às margens do rio Paraguai, cerca de 2h de embarcação a partir de Corumbá, rio acima.

A onça-pintada gera uma atração nas pessoas por se tratar do maior felino das Américas e apesar dos últimos registros feitos no Pantanal, não ser um animal fácil de ser avistado quando está em seu habitat, em campo aberto, como ocorreu no registro feito no rio Paraguai.

Além dos animais no rio Paraguai, houve o registro de uma onça-pintada caminhando pela rodovia Ramão Gomes, a cerca de 2km da cidade de Corumbá.

Ela atravessou na frente da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal sendo fotografada no dia 22 de fevereiro. Outro caso foi na noite do dia 13 de março, na BR-262, no município de Miranda.

Um motorista conseguiu filmar uma onça-pintada atravessando a pista e seguindo para o acostamento.

Nessa mesma região onde houve o avistamento na rodovia, proprietários rurais locais conseguiram registrar uma onça-pintada com dois filhotes, além de haver o relato e avistamento de outra mãe, também com dois filhotes.

Conforme o IHP, a subida do nível do rio Paraguai e outros afluentes tem feito com que os animais no Pantanal circulem mais.

Atualmente, há um trabalho envolvendo o Instituto, a Polícia Militar Ambiental (PMA) e a Polícia Rodoviária Federal para prevenir atropelamento de animais silvestres, incluindo a onça-pintada, no trecho de 200 km entre Miranda e Corumbá.

Sob suspeita

O maior avistamento de onças-pintadas também gerou um problema na região de Ladário, no Paraguai-mirim, neste mês de março.

A Polícia Federal está com investigação aberta para apurar a morte de um animal, que teve a cabeça arrancada. Esse tipo de ato levanta suspeita que o felino foi morto por ação humana.

Houve averiguação na região para encontrar o corpo do bicho, porém não houve sucesso. O flagrante ocorreu depois que uma equipe de TV viajou para a área e filmou o animal.

Fonte Correio Do Estado

 

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