Endividada, Santa Casa deixou de pagar impostos neste ano
Santa Casa de Campo Grande é o maior hospital de Mato Grosso do Sul e recebe pacientes da Capital e de todo o Estado – GERSON OLIVEIRA
Dados de janeiro a setembro deste ano, período divulgado até agora, mostram que nem o Imposto de Renda sob os salários dos funcionários foi repassado à Receita Federal neste período.
Em alguns meses, nem o parcelamento de dívidas anteriores com a Receita Federal foi pago.
Outros impostos “deixados de lado” são Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Licenciamento, Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), entre muitos outros.
De acordo com fontes ligadas à Santa Casa, esta inadimplência acontece porque, até, pelo menos, antes do novo contrato com a gestão pública, havia uma falta no caixa da Santa Casa por mês que girava em torno de R$ 13 milhões.
Por esse motivo, algumas contas serão renegadas e renegociadas à frente.
Conforme a transparência do hospital, a dívida total de impostos da Santa Casa hoje gira em torno de R$ 170 milhões e, segundo fontes ouvidas pela reportagem, essa dívida cresceu mais durante a pandemia de Covid-19.
ENDIVIDAMENTO
Uma das grandes causas dessa situação é o pagamento de parcelas astronômicas de empréstimos feitos pelo hospital ao longo dos últimos anos. Segundo o balanço divulgado em setembro, por mês, a Santa Casa desembolsava R$ 5.129.310,12 para o pagamento de parcelas desses financiamentos.
Outro problema é o pagamento dos fornecedores atrasados, que também consomem grande parte do orçamento da unidade de saúde. Em setembro, último boletim divulgado, o hospital pagou R$ 5.071.043,95 em dívidas renegociadas.
A publicação, porém, trouxe que outros R$ 98.031.983,81 não foram pagos a fornecedores do hospital. Algumas dívidas são antigas e vêm desde 2017 – R$ 37.845.673,57 são só do período entre 2017 e 2021.
Este problema de fluxo de caixa começou a ser ainda mais impactado durante a gestão anterior, quando muitos empréstimos foram feitos pelo hospital.
Conforme matéria publicada na edição de ontem, entre 2016 e 2020, o hospital viu sua dívida com entidades financeiras mais que duplicar. Nesse período, o ex-presidente Esacheu Nascimento era quem tomava conta do hospital.
Nesses quatro anos, de acordo com dados da própria transparência do hospital, a dívida com entidades financeiras, que era de R$ 80 milhões, saltou para R$ 170 milhões ao fim de 2020. Hoje, esse valor está em cerca de R$ 190 milhões.
Balanço anual da Santa Casa, publicado no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), do dia 13 de maio deste ano, mostrou que o hospital tem dívidas com diversas entidades financeiras, entre elas o banco Sicoob Credicom, banco Bradesco, Caixa Econômica Federal e Daycoval. Algumas foram adquiridas pela atual gestão para pagar dívidas que a administração passada havia feito.
Já com relação aos fornecedores, o salto foi ainda maior no período, passou de R$ 18 milhões para R$ 56 milhões, número mais que três vezes maior que o do início da gestão. Dois anos depois, esse valor está em R$ 60 milhões, aumento de 11%, crescimento relativamente menor, mesmo tendo em vista que no período o hospital enfrentou a pandemia de Covid-19.
Ainda conforme a Santa Casa, ao todo, as dívidas do hospital são de R$ 540 milhões, valor que também leva em conta provisões de férias e outros encargos a serem pagos.
ELEIÇÕES
Amanhã, nove novos membros do Conselho de Administração da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG) serão escolhidos em eleição realizada na Santa Casa. O número representa metade do total das cadeiras do Conselho, que são de 18.
O resultado dessa eleição será decisivo para saber quem vai ser o novo presidente do centro médico. Isso porque uma das chapas é apoiada por Esacheu, que é pré-candidato à presidência do hospital.
A eleição para o conselho será as 18h30min, no auditório do hospital.
Finalizada essa etapa e já com os novos nove membros do Conselho, será feita a eleição para presidente da instituição, com indicação dos diretores. Nessa segunda etapa, porém, apenas os 18 conselheiros é que têm direito ao voto.
SAIBA
FONTE CORREIO DO ESTADO