Garras quer acesso a celular do ex-comandante da PM flagrado em extorsão
Titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), o delegado Fábio Peró pediu à Justiça autorização para acessar dados dos celulares do ex-comandante da PM (Polícia Militar), coronel José Ivan de Almeida, do arquiteto Patrick Samuel Georges Issa (sobrinho do Rei da Fronteira) e do ex-policial civil Reginaldo Freitas Rodrigues. Os aparelhos já foram apreendidos.
Os três foram presos em flagrante por extorsão de empresários em 26 de maio e soltos no dia seguinte, durante a audiência de custódia. O coronel e o ex-policial são monitorados por tornozeleiras eletrônicas.
O delegado afirma que o acesso aos dados dos aparelhos celulares é cabal para a identificação de demais coautores e participantes de ações delituosas. “Quiçá, para a elucidação de crimes mais graves”.
O pedido do Garras tem parecer favorável do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Segundo o promotor Rogério Augusto Calábria de Araújo, a quebra do sigilo de dados telefônicos é indispensável para materialização de provas mais robustas do crime. São investigados os crimes de associação criminosa, extorsão qualificada e posse ilegal de arma de fogo.
A defesa de Reginaldo Freitas Rodrigues pediu reconsideração sobre o monitoramento eletrônico. A promotoria deu parecer contrário, por considerar que a medida já foi bastante abrangente. O processo tramita na 3ª Vara Criminal de Campo Grande.
Serviço de cobrança – Reginaldo e José Ivan de Almeida, que também foi deputado estadual, foram presos no portão da casa de um empresário, no Bairro Amambaí, em Campo Grande, que denunciou ser vítima de extorsão e que a dupla atuava em nome de Patrick Samuel Georges Issa.
A ação foi acompanhada à distância por policiais. A vítima, um engenheiro de 46 anos, era compelida a entregar a caminhonete que estava na garagem para os “cobradores”.
Na sequência, Patrick Issa foi preso em seu escritório no Bairro Chácara Cachoeira. Ele é sobrinho de Fahd Jamil, mais conhecido como Rei da Fronteira e preso na operação Omertà.
A ação foi do Garras e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)
As vítimas, que são sócias em empresa do ramo de hidráulica, relatam que a dívida de R$ 80 mil saltou para R$ 281 mil, além de já terem pagos R$ 150 mil.
De acordo com a defesa do coronel Ivan, o caso segue em fase de inquérito e o acusado não vê problemas no acesso ao celular. O advogado Ronaldo Franco afirma que o ex-comandante autorizou no dia da prisão em flagrante que os policiais fossem ao seu apartamento. Na ocasião, não havia ordem judicial.
A advogada Priscila Camargo, que atua na defesa de Reginaldo, afirma que é um caso com muitas divergências. “Não foi feita ameaça, extorsão. Mas será provada a inocência dele e tudo será esclarecido”. (Campo Grande News )