Produtora lança documentário com imagens de Roberto Higa sobre a pandemia na Capítal
Com o suporte dos incentivos previstos na Lei Aldir Blanc e apoio do Ministério do Turismo, Prefeitura e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, a Quiquiho Produção concluiu um instigante e revelador documentário sobre a presença do coronavírus na capital de Mato Grosso do Sul. “Retratos da Pandemia em Campo Grande, por Roberto Higa” é uma abordagem visual pelo olhar sensível de um dos mais antigos e respeitados repórteres fotográficos e documentarista de Mato Grosso do Sul.
No ano passado, logo que foi declarado o estado de calamidade com a oficialização da pandemia pela Organização Mundial de Saúde, Higa decidiu percorrer os mais diversos lugares da cidade para ver, sentir e registrar as reações do povo à chegada do coronavírus. Para ele, os dias e noites de longas andanças a esmo, com a sensação de estar muito próximo de angústias e tragédias humanas, trouxeram uma experiência nova em seus mais de 50 anos de profissão.
A produtora é a credenciada e experiente Dalila Saldanha, que viu no trabalho de Higa uma apurada sensibilidade contemporânea. Afirma tratar-se de um fotógrafo que documenta o seu tempo com olhares simultaneamente contemporâneos e atemporais, sabendo que são as pessoas, com suas emoções, suas protagonistas centrais. É possível afirmar, então, que Higa fotografou a dor, flagrou a perplexidade, retratou a indiferença e registrou a pressão do medo e das dúvdas em diferentes rostos e expressões de uma Campo Grande invadida pela Covid-19.
O lançamento de “Retratos da Pandemia em Campo Grande, por Roberto Higa” será na próxima terça-feira, 16, a partir das 19h. Para acompanhar basta acessar este endereço eletrônico: robertohigafotografo.com.br
OLHAR ATENTO – Com seus inseparáveis equipamentos e o olhar ainda mais atento e refinado pelos seus 53 anos de atividade ininterrupta, Roberto Higa está entre os mais de 850 mil campograndenses que experimentaram e experimentam diferentes reações à pandemia da Covid-19. Para ele, susto, perplexidade, medo, sensação de impotência e até uma improvável indiferença distribuem-se pelos semblantes e sentimentos que sacodem a humanidade desde o início do ano passado, quando o novo coronavírus foi oficializado como flagelo pandêmico.
Os mais pequenos detalhes nas mudanças de comportamento, algumas radicais, não escaparam à aguçada sensibilidade do calejado profissional. O pranto do filho que não pôde velar o corpo da mãe e o desespero da mãe sem notícias do filho internado numa UTI foram tão marcantes quanto a alegre emoção de quem tomava a primeira dose da vacina. Ou da família fazendo a festiva recepção ao pai voltando para casa após a alta hospitalar e comemorando a vitória sobre a Covid.
Máscaras, luvas, ônibus, ruas, igrejas – em ambientes esvaziados ou superlotados as imagens de controversos significados forneceram múltiplas histórias e crenças distintas – e povoam a repleta galeria de cenas que Higa e seus equipamentos produziram com rigoroso primor técnico e afiado ângulo de alcance. O documentário de Dalila Saldanha esmerou-se na elaboração de uma obra que poderia servir para um ensaio essencialmente de registro, estritamente profissional, com um fotógrafo que se preocupou somente em documentar tecnicamente o cenário singular da cidade em que vive.
Higa não fez qualquer tipo de interferência para colocar as pessoas em seus focos de enquadramento, nem cedeu à tentação de sair dos limites do profissionalismo de sua máquina para convencer este ou aquele a por ou tirar a máscara, a lavar as mãos ou usar luvas. Fez um registro cru – e, portanto, íntegro – de sentimentos e reações comportamentais. São histórias dentro de histórias que se contam sozinhas logo que o obturador é disparado e faz nascer o milagre da fotografia.