Ibovespa sobe, supera 109 mil e caminha para maior patamar desde fevereiro
O Ibovespa sobe nesta terça-feira, 24, após a agência de Administração e Serviços Gerais da Casa Branca (GSA) autorizar a transição para o governo do presidente eleito Joe Biden. Ainda que não tenha aceitado a derrota, o presidente Donald Trump afirmou que sua equipe irá iniciar o protocolo. No início da tarde, o Ibovespa chegou à marca dos 109.000 pontos, deixando para trás a máxima intradia do mês de março. Com a alta de hoje, o índice caminha para encerrar na maior pontuação desde 21 de fevereiro, pregão anterior ao da quarta-feira de cinzas, que marcou o início dos impactos da pandemia no mercado brasileiro. Acompanhe a cobertura abaixo.
Para os investidores, a medida é vista como uma redução das incertezas sobre as eleições americanas, tendo em vista que antes mesmo do último dia de votação, Trump havia sinalizado que poderia não fazer uma transição pacífica, caso perdesse. Além da menor incerteza a transição, o mercado segue repercutindo positivamente os recentes avanços na frente de vacinas contra o coronavírus, após resultados positivos sobre seus níveis de eficácia. AstraZeneca, Pfizer, Moderna e o governo russo já afirmaram que suas vacinas podem chegar a ter eficácia de mais de 90%.
Nas bolsas internacionais, a rotação de posições para ações de empresas que sofreram com a pandemia continua. Na Europa, os papéis de companhias aéreas chegam a subir 11%, como foi o caso dos da Air France, enquanto no mercado americano o Dow Jones, com maior concentração de empresas ligadas à economia tradicional, bateu máxima histórica, superando a marca dos 30.000 pontos pela primeira vez.
Os três principais índices americanos operavam em forte alta. Às 16h58, o Dow Jones subia 1,47%, o S&P500 tinha avanços de 1,56% e o Nasdaq crescia 1,25%.
No Brasil, investidores optam por ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), dos grandes bancos e de shopping centers, após GOL (GOLL4) e Azul (AZUL4) já terem apresentado fortes valorizações na véspera.
“O Brasil está recebendo um fluxo bem forte de capital estrangeiro, que acaba impulsionando bem a nossa bolsa, que estava bem para trás em relação às de outros países emergentes. Esse fluxo estrangeiro está sendo bem benéfico para os bancos, que estão em um movimento de recuperação bem forte”, comenta João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.
O alívio também é sentido no mercado de câmbio, onde investidores desmontam suas posições defensivas em dólar e aumentam a busca por moedas emergentes, que se valorizam. Por aqui, o real mostrou um dos melhores desempenhos globais na sessão perante o dólar, que caiu 1,09% e fechou o dia negociado a 5,375 reais. A moeda americana oscilou em baixa durante todo o pregão, descendo a 5,3725 reais na mínima intradiária (-1,16%).
Apesar do tom positivo, os juros futuros com vencimento de curto prazo avançam, depois de os dados de inflação voltarem a superar as estimativas do mercado. Divulgado nesta manhã, o IPCA referente aos 15 primeiros dias de novembro teve alta mensal de 0,81% ante crescimento esperado de 0,72%. No acumulado dos 12 meses, o indicador está com alta de 4,22%, acima do centro da meta de inflação de 4% estipulado pelo Conselho Monetário Nacional para 2020.
Mesmo com a alta da inflação, o mercado segue otimista de que o IPCA chegue ao fim do ano abaixo da meta. Caso o resultado preliminar do IPCA de novembro se confirme, a redução do acumulado de 12 meses será possível somente se o IPCA de dezembro tiver uma alta mensal inferior à de dezembro do ano passado, quando ficou em 1,15% devido à pressão inflacionária do preço da carne.
“Cabe notar que o IPCA-15 deve superar a meta de 2021 de 3,75% provavelmente entre o segundo e o terceiro trimestre devido à base da inflação da pandemia. Esse efeito estatístico deve colocar ainda mais pressão na condução da política monetária”, avaliam analistas da Exame Research.
Fonte: Conteúdo ms