Secretários citam corredores ociosos e repasses para rebater superlotação na Santa Casa
A Santa Casa está com a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) lotada e não consegue mais receber pacientes em estado grave em Campo Grande. A situação crítica de um dos principais hospitais do estado foi discutida nesta quinta-feira (22), com secretarias de saúde e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Diante da reclamação do hospital, secretários rebateram dizendo que a Santa Casa recebeu recursos para atender os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Na reunião realizada nesta manhã, a Santa Casa alegou que não tem capacidade para receber pacientes vaga-zero, ou seja, com risco de morte. Com a pandemia de coronavírus, os pacientes com a doença eram encaminhados para o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), enquanto a Santa Casa recebia os outros pacientes, funcionando como um hospital de ‘retaguarda’.
Porém, agora que os casos de coronavírus têm diminuído, o hospital pediu que as secretarias municipal e estadual de saúde redistribuam as vagas. Ao receber tantos pacientes, a Santa Casa ainda alega que enfrenta até falta de medicamentos.
O titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), José Mauro Filho, explica que vai se reunir com o HRMS na sexta-feira (23) para definir o que será feito. Com menos pacientes com Covid-19, a expectativa é que o Regional volte a atender outros tipos de demandas. “Acredito que em uma semana ou em até 15 dias tudo estará mais organizado”, disse.
O secretário da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende, afirma que já se reuniu com o Hospital Universitário e terá uma reunião com o Hospital Evangélico de Dourados para discutir a redistribuição de vagas. “Tenho certeza que objetivo de todos é resolver esse problema”, disse.
Secretaria diz que Santa Casa recebeu verba para atender pacientes
O secretário Geraldo Resende rebateu as informações passadas pela Santa Casa e disse que os dados na SES são diferentes e que não indicam superlotação. Além disso, ele ainda comentou que, durante visita, percebeu um andar vazio no hospital. Em contrapartida, o hospital explicou que o andar vazio trata-se de um setor em reforma e que não teria relevância para a discussão, já que o andar não possui nenhum leito do SUS.
Outro ponto da discussão foi o fato de que a Santa Casa recebeu recursos para atender os pacientes durante a pandemia de coronavírus. Resende diz que somente o governo estadual fez um repasse de R$ 1,75 milhões a mais na pandemia. Além disso, a Santa Casa recebeu mais R$ 6 milhões em portarias do Governo Federal, mesmo não sendo um hospital de referência para coronavírus.
Dados da Santa Casa
O hospital informou que tem uma taxa de ocupação de 100% na UTI adulta, de 90% na UTI para pacientes com Covid-19 e de 90% na UTI neonatal. Com a pandemia, a Santa Casa alega que teve que absorver mais pacientes.
A Santa Casa informa que tem um total de 609 leitos, sendo que 549 são do SUS. Atualmente, 517 leitos estão ocupados, sendo 485 de pacientes do SUS. Ou seja, a Santa Casa tem leitos disponíveis, mas o principal problema é a UTI, que está superlotada.
O presidente da Santa Casa, Heitor Rodrigues Freire, ainda ressaltou problemas na neonatal. Ele alega que entre janeiro e outubro do ano passado, foram registrados 100 procedimentos de alto risco na maternidade. Porém, no mesmo período deste ano foram 300 atendimentos. “Não temos mais como receber pessoas. Já tivemos que realizar parto dentro do banheiro, não tinha maca”, disse.
A Santa Casa ainda divulgou dados sobre os repasses recebidos neste ano. Segundo o hospital, a média mensal de repasses até dezembro de 2019 era de R$23,1 milhões. Neste ano, a média mensal passou a ser de R$ 22,1 milhões. “Para que se tenha ideia, um leito de UTI Covid paga à instituição R$ 1,6 mil reais (recurso federal), a cada diária ocupada, ao tempo em que custa mais de R$ 2 mil para a instituição produzi-lo”, informou.
fonte: Midiamax