Governo de MS e União iniciam tratativas para ampliar laços comerciais com o Chile por meio da Rota Bioceânica
Em reunião realizada quarta-feira (19), o Governo Federal e o Governo de Mato Grosso do Sul deram início ao debate comercial com as autoridades chilenas para análise das potencialidades dos portos do Chile para a exportação de produtos brasileiros (em especial sul-mato-grossenses) e para a importação de mercadorias dos países asiáticos e da costa oeste dos EUA.
A Mesa Técnica Bilateral Chile-Brasil contou com a participação do secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Econômico, Produção e Agricultura Familiar), do Coordenador Nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos, ministro João Carlos Parkinson, do presidente da EPL (Empresa de Pesquisa e Logística), Jorge Bastos e autoridades chilenas. Pela Semagro, ainda participaram o Assessor de Logística, Lúcio Lagemann e a Coordenadora de Cooperação Internacional e Comércio Exterior da Semagro, Thaís Fernanda Silva Guimarães.
De acordo com o titular da Semagro, a infraestrutura para a implantação efetiva da Rota Bioceânica avança com as obras de pavimentação das rodovias paraguaias, com o andamento do cronograma de construção da ponte sobre o Rio Paraguai para interligar os municípios de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, bem como as ações do Dnit e do Governo do Estado para as obras de acesso à ponte. Da mesma forma, seguem as tratativas administrativas e burocráticas com relação ao passo fronteiriço (alfândegas).
“Iniciamos, efetivamente, uma discussão comercial e de negócios com o Chile, analisando a competitividade de determinados produtos que chegam aos sete portos chilenos, vindos da Ásia e da costa oeste dos EUA. Hoje, o principal destino desses produtos é o Paraguai, seguido da Argentina. O mercado brasileiro ainda representa pouco nessas operações e essa é uma grande oportunidade para a Rota Bioceânica. Agora, trabalhamos para viabilizar a questão alfandegária, que vai permitir o fluxo perene e competitivo, tanto de mercadorias saindo do Brasil em direção aos portos chilenos para serem exportadas para o mercado asiático, quanto de outros produtos chegando ao nosso país por meio dessa via de entrada”, comentou o secretário Jaime Verruck.
A proposta do Governo Federal e da administração estadual é a de ampliar o comércio intrarregional com a América do Sul. “Queremos conceituar e posicionar Mato Grosso do Sul de forma estratégica, com a possibilidade de que o nosso Estado se transforme em um hub logístico para a distribuição de produtos para o Brasil, bem como concentrar produtos brasileiros para serem enviados para o mercado chileno, seja para exportação ou para consumo interno daquele país”, informou Jaime Verruck.
Deve ser constituída, junto com o setor produtivo, uma comissão para levantamento das oportunidades de negócio por meio da Rota Bioceânica. “Vamos montar uma comissão mais comercial em relação à Rota, a fim de avaliar a competividade dos nossos produtos, inserindo o setor privado para se preparar, dado que foram demonstradas as potencialidades para desenvolver o comércio intrarregional com o Paraguai, Argentina e Chile e ampliar a exportação e importação com os países asiáticos”, acrescentou o secretário.
Oportunidade para a carne bovina de MS
Durante a reunião da Mesa Técnica Bilateral Chile-Brasil também foi apresentado um estudo específico sobre a carne bovina. “O Chile é um grande comprador desse produto no Brasil e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são grandes fornecedores. A ideia é potencializar esse fluxo, que hoje entra no mercado chileno por meio de outras rotas, mas as análises demonstram a viabilidade da Rota Bioceânica para ampliar esse consumo interno no mercado chileno e também para outras regiões”, informou Jaime Verruck.
De acordo com levantamento da Semagro, 73% da carne bovina exportada por Mato Grosso do Sul segue por via marítima; 23% por via terrestre e 4% via fluvial. Nesse contexto, cerca de 27% das exportações sul-mato-grossenses de carne bovina são escoadas pelo Porto de Santos (SP); 25% pelo Porto de Paranaguá (PR); 16% por São Francisco do Sul (SC); 10% seguem por São Borja (RS), que é por onde escoam para o Chile; outros 7% seguem para a Argentina, pelo porto seco de Dionisio Cerqueira (SC) e o restante por outras vias (fluvial e terrestre).
“A China é o destino de 31% das exportações de carne bovina, outros 68% vão para outros países da Ásia. Esses números mostram o potencial que temos na Rota Bioceânica para as exportações sul-mato-grossenses. Hoje, 64% da carne bovina consumida no Chile vem do Brasil. Desse total, 17% saem de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso”, informou o titular da Semagro.
“Temos aí, então, um mercado em potencial para a nossa da carne bovina. Com os caminhos já existentes, nossa primeira ação seria, entre 2020-2025, ampliar a venda de carne bovina e de aves de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso para cobrir 30% da região Norte do Chile, tendo como frete de retorno produtos como salmão e frutos do mar. Uma segunda etapa seria a de incluir outros produtos, baseado na necessidade de regular as alfândegas”, acrescentou.
Por fim, foi proposta pelo governo chileno uma aliança econômica intrarregional para alimentos frescos na América do Sul, intitulada Projeto Alfa. “A ideia é criar uma grande rede para distribuição de soja, carne bovina, suína e de aves, frutas, vinhos e outros produtos. Campo Grande seria o hub de distribuição dessas mercadorias, ampliando a conectividade com o Mercosul, mercados asiáticos, costa Oeste dos EUA e aumentando o nível de serviços aos usuários”, finalizou o Jaime Verruck.
Marcelo Armôa, Semagro
Fonte: Jornal A Crítica