Digitalizar agro na América Latina é chave para progresso e segurança, diz Nobel
Agricultores da América Latina poderiam manejar com mais precisão assuntos como novas pragas ou os desafios das mudanças climáticas se tivessem acesso maior a tecnologia e informações atualizadas, que serão peças-chave no mundo pós-pandemia, disse hoje (10) o economista norte-americano Michael Kremer.
O acadêmico, um dos ganhadores do prêmio Nobel de Economia em 2019 por seus estudos sobre a pobreza, afirmou que a epidemia de coronavírus desencadeará uma crise econômica que significará, para muitas pessoas, um problema de segurança alimentar.
“Em muitos casos, os agricultores não têm acesso à informação científica mais recente”, disse o economista em conversa com Manuel Otero, diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), sediado na Costa Rica, transmitida online.
“Eles podem ter conhecimentos tradicionais, mas isso não necessariamente os ajudarão a se adaptar a novas pragas ou novas variedades de sementes, ou abordar a mudança climática”, acrescentou Kremer, que ajudou a fundar a ONG Precision Agriculture for Development, que trabalha com agricultores, ONGs, cientistas, empresas e governos na Ásia e na África.
Recorrendo a exemplos de programas com agricultores africanos, nos quais o uso do celular permitiu que eles obtivessem mais informações meteorológicas ou de rendimento de cultivos, Kremer disse que agora é o momento para investimentos na digitalização dos serviços de extensão agrícola, que ajudam produtores com investigação científica aplicada e educação.
“A agricultura móvel é algo que pode ser útil não apenas para os agricultores, governos e serviços de extensão, mas também para as empresas privadas”, disse ele no webinar “Oportunidades para a agricultura digital na América Latina e no Caribe: resposta rápida à Covid-19”.
“Devido à Covid-19 talvez não seja possível visitar os agricultores, mas isso dá a oportunidade para que eles coletem dados para compreender como são afetados, as interrupções no mercado e na cadeia de ofertas, o acesso a crédito, entre outros fatores, o que pode ajudar na formulação de políticas públicas.”
(Com Reuters)