Paraguai é um mercado ‘bom, simples e desburocratizado’ para o Brasil, diz especialista

O Brasil e o Paraguai assinaram na última quarta-feira (16) um acordo bilateral para reativar parcialmente o comércio nas regiões fronteiriças entre os dois países com a criação de pontos comerciais.

As fronteiras entre Brasil e Paraguai foram fechadas em março por conta da expansão da pandemia do novo coronavírus. Os pontos comerciais onde estará autorizada a circulação de compradores serão criados nas fronteiras entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu (PR); Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS); Salto de Guaira e Mundo Novo (MS).

A professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM), Denilde Holzhacker, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que grande parte do volume de produção e comércio do Paraguai depende dessas áreas próximas à fronteira do Brasil, e o fechamento da fronteira gerou um impacto econômico muito forte para ambos os lados.

De acordo com ela, após muita pressão para a reabertura e pela volta do fluxo comercial, foi tomada uma “decisão intermediária” para restabelecer o comércio.

“É possível fazer compras, mas elas têm que ser feitas eletronicamente e levadas pros postos de logística, que aí as pessoas vão retirar, então não tem circulação de pessoas, não tem turismo. É uma forma de reativar a economia dos dois lados e, ainda assim, manter as questões sanitárias”, afirmou.

A especialista destacou que, para o Brasil, além do comércio, o fechamento das fronteiras gera impacto no setor de turismo, em particular, o turismo de compras.

“O turismo de compras é muito dependente e tem forte impacto na região de Foz de Iguaçu, não só pelas belezas naturais, mas também pela possibilidade de compras do lado paraguaio e argentino. Então não é só comércio, mas a gente também tem todo um dinamismo de turismo, que também foi impactado pelo período de fechamento de fronteiras”, disse.

De acordo com ela, a logística desta reabertura parcial ainda não está inteiramente clara, mas foi determinado por ambos os governos que não vai haver circulação. As compras serão feitas online e a circulação de pessoas será restrita à retirada.

O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, afirmou à Sputnik Brasil que a criação dos pontos de troca comerciais nas fronteiras é “uma forma indireta de controlar a COVID-19, que não está eliminada, e viabilizar as atividades comerciais”.

“Neste momento, o Paraguai é um importante país para o Brasil, porque o Paraguai tem agora energia de Itaipu muito barata, tem um sistema tributário muito melhor do que o do Brasil, então produzir no Paraguai para exportar para o Brasil ou para o mundo é uma boa alternativa neste momento”, declarou o especialista.

De acordo com ele, a balança comercial entre Brasil e Paraguai tradicionalmente é uma balança favorável ao Brasil, pois o Paraguai importa muito mais do Brasil do que o Brasil importa do Paraguai.

“A pauta de exportação do Brasil para o Paraguai é bastante diversificada e ela tem crescido nos últimos anos. O volume não é tão grande. O Brasil exportou este ano [até o mês de agosto] 1,3 bilhão e importou 900 milhões [de dólares]. Ou seja, tem um superávit de 400 milhões de dólares até agosto, o que faz com que o Paraguai seja o 23º país de destino das exportações brasileiras”, afirmou o especialista.

“É um mercado pequeno, mas é um mercado bom. Simples e desburocratizado”, completou o presidente da AEB.
fonte: Conteúdo Ms

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