OS “INVESTIDORES” E O “NOVO” SHOPPING.

Me dá calafrios quando vejo o termo “investidor”, principalmente em propagandas oficiais ou apoiadas pelos gestores públicos.
Não sou contra o verdadeiro investidor, o que empreende com seus recursos, dentro das regras legais, em benefício próprio e por extensão, da sociedade.
Mas nem tudo que reluz é ouro, já diz o velho ditado.
Agora vejo a expansão de um certo shopping, aliás, participei diretamente na escolha da sua localização, ainda em 1.980, quando nem existia o prolongamento da Avenida Afonso Pena.
A questão que se coloca, em termos urbanísticos é a seguinte: a infraestrutura local vai comportar essa grande expansão?
Tenho minhas dúvidas.
A começar pelo tráfego local e é só passar pela Afonso Pena em horário de pico para ver que a preocupação deve ser grande! Com o aumento de fluxo de veículos talvez em breve necessitemos de outra solução viária, talvez um viaduto e/ou readequação de vias e sinalização. Quem pagará por isso?
A região, já tomada pela verticalização tem suporte, por exemplo, de carga de energia elétrica, ou vai ser (possivelmente) necessária um reforço de rede, talvez de super postes no canteiro da linda avenida, ou uma subestação no Parque das Nações Indígenas… (já pensaram nisso?!).
Rede de esgoto, segundo informações de técnicos da área, está operando acima da capacidade e, por isso, vem fazendo despejos no córrego Prosa…
Solução de expansão de infraestrutura sempre tem, mas tudo tem um custo e, mais importante, em quem recai o pagamento de tais adequações?
Se realmente for um investidor – sem aspas – ele deve arcar com essas despesas.
Porém, como já quase um hábito em Campo Grande, a sociedade, eu e você, caro leitor, iremos pagar por isso e o “investidor”, oculto por muitas aspas, vai ficar com o lucro.
Esse é um dos aspectos mais importantes que, infelizmente foi relegado nas últimas décadas: o desmantelamento político do Sistema Municipal de Planejamento (urbano) que, aliás, está passando longe da campanha política atual.
Desejo um verdadeiro desenvolvimento, inclusive com expansão do shopping, desde que seja sustentável e para o bem da cidade.
Mas, sem precipitação, apenas em nome do “progresso”. Com aspas.
FAYEZ JOSÉ RIZK
Arquiteto e Urbanista.

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