No Ptran, reeducandos aprimoram técnicas de costura e confeccionam de máscaras “ninjas” a modelos 3D

A liberdade restrita não é empecilho para que homens e mulheres em situação de prisão contribuam, positivamente, no combate a um dos maiores desafios que a humanidade está enfrentando: a pandemia da Covid-19. Com muita dedicação, o trabalho artesanal dos reeducandos tem garantido maior prevenção e segurança também para quem está do lado de fora das muralhas das unidades prisionais.

Com uma produção cada vez mais especializada, internos do Presídio de Trânsito (Ptran), na capital, têm aperfeiçoado as técnicas de confecção de máscaras de proteção, que vão desde o modelo ninja e em tecido TNT até o tipo 3D. A unidade é um dos 22 estabelecimentos prisionais da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) que desenvolvem produção de máscaras e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

A ocupação produtiva, além de gerar conhecimento e espírito de solidariedade aos detentos, também se traduz em remição de um dia na pena a cada três trabalhados, conforme estabelece a Lei de Execução Penal.

A produção dentro da unidade penal consiste em máscaras de proteção de diferentes modelos

Na oficina dentro do Ptran, a confecção teve início com a chegada da pandemia do novo coronavírus. Conforme a responsável pelo Setor de Trabalho da unidade penal, policial penal Ana Cristina Silva de Brito Teodoro, como parte dos esforços de biossegurança, foi necessário um grande número de peças em um período curto de tempo, surgindo daí a ideia da fabricação própria.

Primeiramente atendendo a demanda interna, as máscaras eram destinadas a internos, servidores e demais pessoas que adentravam ao local. “Nosso principal desafio, além de reunir o maquinário necessário, foi realizar a triagem rápida dos trabalhadores, após a conclusão dessa etapa iniciamos o processo de criação dos moldes”, informou Ana Cristina.

O sucesso da iniciativa e o aperfeiçoamento dos internos com a costura também ocorreram graças ao trabalho voluntário e gentileza de uma servidora da Agepen já aposentada: a artesã Debbie Cruz Cano.

A aposentada ministrou um workshop rápido aos internos, antes de iniciar a produção. Em dois encontros, foi apresentado todo o maquinário e seu funcionamento; bem como, passo a passo da confecção das peças e sanadas todas as dúvidas.

Atualmente, quatro internos dedicam seis horas de trabalho diariamente na oficina. Até o momento, já foram produzidas mais de 10 mil máscaras de proteção no local.

Com mais de 10 mil máscaras produzidas, atualmente, a oficina de costura do Ptran conta com o trabalho de quatro reeducandos

Com mais detalhes e maior tempo de produção, o modelo 3D exige dedicação exclusiva dos reeducandos. “Se comparada com os modelos ninja e em tecido TNT, a 3D necessita de um cuidado maior, pois possui várias dobras e camadas necessárias para o resultado final, os tecidos não podem ser cortados simultaneamente como ocorre em outros modelos e todas precisam ser passadas com ferro também”, explica a servidora responsável pelo setor de trabalho no Ptran.

Para o diretor da unidade penal, Creone da Conceição Batista, este projeto tem sido muito importante, por gerar ocupação produtiva aos reeducandos e auxiliar outras instituições que também se preocupam com a proteção de seus colaboradores e da sociedade como um todo.

“Esse trabalho acrescenta novas aptidões aos internos e representa mais conhecimento para novas profissões quando conquistarem a liberdade, além de contribuir no enfrentamento à pandemia”, ressalta Creone.

Sanesul

No momento, os internos do Ptran estão empenhados na produção para a Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul). Os trabalhos também estão sendo realizados por reeducandos do Centro de Triagem “Anísio Lima” e do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ).

Conforme parceria firmada com a Agepen, por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária e sua Divisão de Trabalho Prisional, a meta é produzir 4 mil máscaras de proteção em 3D para a instituição.

Todo o material necessário para a confecção está sendo fornecido pela Empresa de Saneamento, que tem como objetivo distribuir aos trabalhadores e seus familiares.

Tatyane Santinoni e Keila Oliveira, Agepen

Fotos: Divulgação

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