‘Inoportuno’ e ‘sem lógica’: vereadores criticam projeto sobre exame toxicológico para professores

Vereadores, em sua maioria os professores eleitos, se posicionaram contra projeto de lei que quer obrigar professores da rede pública de Campo Grande a passarem por exame toxicológico, apresentado pelo vereador Tiago Vargas (PSD). Para eles, a medida marginaliza a profissão, ao invés de promover melhorias que a categoria precisa.

“Quero demonstrar repúdio a este projeto, que praticamente marginaliza os profissionais da educação, que mostra total falta de empatia com nossos professores, lembrando que o dom de ensinar vai muito além da sala de aula, é feito com amor. Em quais dados técnicos o propositor se baseou pra montar um projeto desta esfera”, questionou, em discurso, o vereador Professor Riverton (DEM).

A proposta foi protocolada na Casa de Leis na semana em que se comemorou o Dia dos Professores e, entre os pontos, está previsão de teste todo ano e também como requisito para que o profissional seja empossado.

Professor Juari (PSDB) afirmou que o projeto não deve passar pela Comissão Permanente de Educação. “Temos consenso que não passa, não tem lógica”. O parlamentar cita que, durante a pandemia, o professor se reinventou e fez além da função, como passar número de WhatsApp para pais e alunos tirarem dúvidas, trabalhando muito além das 8h.

“Eu, que venho de sala de aula, sei a dificuldade. Eu acho que, no momento, temos que trazer projeto para aluno. Temos que colocar contraturno, temos que brigar pela situação na escola, projetos que vêm de encontro. Não quero criticar o vereador, mas é um projeto inoportuno, não deveria vir pra essa casa”, criticou o vereador Valdir Gomes (PSD), que não leva a profissão no nome de urna como os colegas, mas também é professor.

Do PSDB, Professor João Rocha questionou o motivo de somente pessoas da educação passarem por exames toxicológicos. “Então, todos deveriam passar. O professor precisa ser olhado com atenção, com cuidado, diferente de ser policiado, não é esse o foco, estamos mudando o viés. Com a base da família e informações vindas da escola, você forma o cidadão, vamos melhorar as condições de trabalho”.

“Sou fruto da educação pública, posso dizer que, se estou nesta Casa de Leis, é porque teve muita contribuição dos meus mestres, que perderam noites pra nos fornecer caminho diferente. O profissional da educação tem que ser o mais valorizado”, completou Betinho (Republicanos).

Sem apresentar qualquer dado que embase a fala, o vereador Tiago Vargas disse: “não podemos achar normal profissionais da educação que lidam com crianças, serem viciadas”. Disse, ainda, que o projeto de lei não quer criminalizar a categoria, mas ajudá-la, ao identificar pessoas que possam sofrer com a dependência de drogas ilícitas.

 

FONTE: MIDIAMAX

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