Carta de 17 ex-ministros e ex-presidentes do BC cobra do governo desmatamento zero
Os antigos membros de equipes econômicas de diversos governos das últimas três décadas alertam que os custos de se “descuidar” dos eventos climáticos poderão ser bem maiores que os custos da pandemia de covid-19. Enquanto o governo de Jair Bolsonaro sofre a pressão de investidores internacionais contra o aumento do desmatamento da Amazônia, a carta lembra que os mercados financeiros sabem precificar os riscos de longo prazo na área ambiental.
“O prejuízo do desmatamento tem levado diversos parceiros comerciais importantes e investidores estrangeiros no Brasil a expressarem veementemente seu descontentamento e preocupação, que certamente se traduzirão em menores fluxos de comércio e investimentos no País”, destaca o documento. “A crescente disciplina da precificação dos riscos ambientais, inclusive sistêmicos, deverá fortalecer o compromisso com os objetivos de governança, sociais e ambientais”, completa o texto.
Na avaliação dos economistas signatários da carta, a saída da crise pós-covid-19 oferece as oportunidades para essa guinada ambiental na economia, com investimentos públicos e privados nessa direção. Eles lembram as vantagens comparativas do Brasil na área e recomendam a eliminação de subsídios a combustíveis fósseis, a emissão criteriosa de ativos financeiros verdes, a mobilização de fontes de financiamento provado para iniciativas de mitigação e a ampliação da cooperação internacional.
Entre os signatários estão os ex-ministros da Fazenda: Luiz Carlos Bresser-Pereira (1987), Maílson da Nóbrega (1987-1990), Zélia Cardoso de Mello (1990-1991), Marcílio Marques Moreira (1991-1992), Gustavo Krause (1992), Fernando Henrique Cardoso (1993-1994, depois presidente da República entre 1995 e 2002), Rubens Ricupero (1994), Pedro Malan (1995-2003, também presidiu o BC entre 1993 e 1994), Joaquim Levy (2015), Nelson Barbosa (2015-2016), Henrique Meirelles (2016-2018, também presidiu o BC entre 2003 e 2011) e Eduardo Guardia (2018).
Entre os ex-presidentes do Banco Central que assinaram a carta estão Gustavo Loyola (1992-1993 e 1995-1997), Pérsio Arida (1995), Armínio Fraga (1999-2003), Alexandre Tombini (2011-2016) e Ilan Goldfajn (2016-2019).