Capital deve começar a ter redução de casos, mas pico em MS será no fim do mês

Nas últimas quatro semanas de agosto, Campo Grande apresentou quadro estável de casos de covid-19, com média de 398 casos novos registrados diariamente, de acordo com levantamento Lamad (Laboratório de Modelagem e Análise de Dados) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Esse quadro, pressupõe uma queda gradativa de testes positivos da doença na Capital.

No entanto, para Mato Grosso do Sul, como um todo, a tendência é de um mês de setembro bastante complicado, com pico de casos – para então começar a haver redução – em 31 de setembro, quando projetam-se 72.177 confirmações de covid-19 no Estado. Ou seja, somente dentro de 30 dias é que haverá um “respiro”.

Os dados são baseados nos números reais da doença, fechados até domingo (30), quando em todo MS eram 48.937 casos confirmados e 862 mortes. Na Capital, na mesma data, eram 21.214 confirmações e 356 óbitos.

Um dos pesquisadores, o professor Leandro Sauer, diz que a modelagem em que os dados foram aplicados apresentam confiabilidade de 97%, ou seja, são bastante precisos em relação à realidade. “O modelo Gompertez é usado há anos para projeções em pandemias e, o que nos assusta, é o grau de precisão desse modelo pra essa pandemia, que está acima de 97%. É um grau de exatidão grande”, destaca.

Apesar disso, para que as projeções se cumpram, ou mesmo, sejam melhores que o esperado – no caso da covid-19 – é preciso que haja mudança de comportamento e colaboração, como evidencia o levantamento mais recente do Lamad, divulgado ontem e que é feito semanalmente e enviado para as autoridades em saúde.

“Como sempre enfatizado nos relatórios, o comportamento das pessoas é que define o comportamento do modelo. Se as medidas de isolamento social continuarem a serem seguidas, podemos manter este cenário de ‘achatamento’ da curva. Porém, com o relaxamento das medidas de isolamento social, poderemos ter um aumento das notificações de casos confirmados e voltarmos a ter uma inclinação da curva”.

Isso, com relação a Campo Grande, onde as análises apontam que “o pior já passou” e que não existe mais possibilidade de colapso do sistema de saúde. “O cenário da pandemia descrito na análise até 31 de julho era devastador, era muito ruim. O que os números nos projetavam era muito pior do que acabou sendo. Tivemos um agosto muito ruim, mas foi melhor que o projetado”, comenta o professor e pesquisador.

Isso porque em 31 de julho de 2020, esperava-se incapacidade de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em 25 de agosto, para atender a demanda de pacientes que precisariam do serviço, o que não se cumpriu e não deve se cumprir.

“As projeções não mostram evidências de colapso com relação aos leitos clínicos e de UTI. Este resultado desejado é uma consequência do “achatamento” da curva que descrevemos nos últimos relatórios. Além disso, os resultados mostram que já passamos o pico das curvas referentes às internações em leitos clínicos e de UTI”, que foi entre os dias 20 e 22 de agosto, conforme o modelo Gompertz, sistema matemático onde os dados são analisados.

Mato Grosso do Sul – Apesar da tendência de aumento expressivo de casos em setembro em todo Estado, a análise também não prevê colapso no sistema de saúde. O número de casos confirmados, caso a projeção atual se confirme, deve ser menor que a prevista em 31 de julho.

A análise foi “ajustada” nas datas de 31/07, 15/08 e 30/08. “Os modelos ajustados nestas três datas mostram um “achatamento” da curva. Ou seja, embora o cenário atual seja bastante preocupante, os modelos ajustados nos dias 31/07 e 15/08 indicavam um cenário pior do que estamos atualmente”, define relatório.

Com isso, “o modelo ajustado em 31/07 indicava para o dia 30/08 um total de 59.505 casos e o modelo ajustado em 15/08 indicava um total de 54.090 casos. Ou seja, tivemos um redução de 10.983 e 5:568 casos nas projeções, respectivamente.”

Com relação à ocupação de leitos, o pico deve ser em 5 de outubro. “A estimativa para o número máximo de pacientes que precisarão de atendimento em leitos clínicos é de 329 e é projetado para ocorrer no dia 05/10/20”.

Já sobre vagas intensivas, “a estimativa para o número máximo de pacientes que precisarão deste tipo de atendimento é de 276 e é projetado para ocorrer no dia 01/10/20.”, sem previsão de colapso.

Mais leitos – Para a infectologista e pesquisadora Mariana Croda, que faz parte do COE (Comitê de Operações de Emergência) da SES (Secretaria Estadual de Saúde), se as piores projeções não se cumpriram, isso se deve principalmente ao avanço na implantação de leitos para atendimento de casos de covid em todo Estado.

São 760 leitos clínicos e 369 de UTI, quantitativo muito maior que os 674 e 75, respectivamente, divulgados ainda em maio, quando a pandemia “tomava forma” no Estado.

“A gente teve ampliação de muitos leitos e tivemos tempo pra ganhar essa capacidade, também de testes. Mato Grosso do Sul ainda é dos estados que mais testam no Brasil, e além disso, um dos ganhos também foi a expertise das equipes de saúde na assistência desses pacientes”, elenca, tentando explicar porque o pior quadro não se realizou.

Mesmo assim, ela afirma que houve micro colapsos, com falta de testes em determinados momentos, equipes de saúde defasadas ou exaustas. “Mesmo tendo uma taxa de letalidade das mais baixas em relação a outros estados, muita gente se internou, então, houve um colapso, houve dificuldades no serviço de saúde. Em determinado exauriu-se a capacidade de testes”, disse.

Além disso, afirma que se as taxas de isolamento não ficassem sempre abaixo dos 50%, poderiam fazer os resultados ainda melhores e evitado mortes.

“Para a curva não ser menor, o que interferiu foi justamente a taxa de isolamento, se a população tivesse evitado esse superexposição poderíamos ter uma taxa de letalidade menor, como nos meses anteriores. Tivemos um aumento expressivo de óbitos e se a população praticasse o isolamento seriam requeridos menos leitos”, avalia.

As informações são do Campo Grande News

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