Brasil define vagas na natação para os Jogos Olímpicos de Tóquio

O Brasil conhecerá nos próximos dias os nadadores que representarão o país em Tóquio. Será a primeira e a última chance para os atletas conquistarem sua vaga.

Para essa edição da Olimpíada (e em grande parte deste ciclo olímpico), a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) adotou pela primeira vez um sistema de “tudo ou nada” classificatório.

Se antes os atletas tinham mais de uma chance de fazer o melhor tempo nas provas de piscina (para a Rio-2016, por exemplo, foram quatro), agora há apenas uma: a final da seletiva que começa nesta segunda-feira (19), nas piscinas do Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. As eliminatórias acontecem de manhã, e as finais, à tarde. O Canal Olímpico do Brasil, a TV CBDA (ambos no streaming) e a BandSports transmitem.

Nas provas individuais, se classificam para Tóquio o vencedor e o segundo colocado das provas, desde que tenham o índice exigido pela Fina.

A competição terá limite total de 120 nadadores, com exigência de exame PCR negativo, medidas de distanciamento e escalonamento de raias para aquecimento e treino.

Também serão escolhidas as equipes masculinas dos revezamentos em que o país garantiu classificação: 4 x 100 m livre e 4 x 200 m livre e 4 x 100 m medley. Entrarão os melhores das respectivas provas individuais, podendo a comissão técnica fazer algum ajuste.

Guilherme Costa, 22, teve que escolher suas prioridades. Ele vai disputar os 400, 800 e 1.500 metros livre, provas em que é especializado. Ainda estuda se vai ou não se arriscar nos 200 m livre.

“Vou fazer uma prova um dia e descansar no outro. Os 200 [m] livre eu sinto um pouquinho [de falta], porque eu queria estar no revezamento, todo mundo quer, esse revezamento vai chamar bastante atenção. Mas acho que ia ficar complicado, porque [a prova] é entre o 400 metros e o 800 metros”, explica.

Costa decidiu priorizar as provas em que já tem o índice A, mas também não se arrepende. Diz que o fato de ter apenas uma chance para se classificar aumenta a pressão sobre o atleta, o que ele gosta.

Vice-presidente da CBDA, Renato Cordani conta que a entidade decidiu adotar o modelo desde 2017. Foi dessa forma, também usada por outros países, como os EUA, que selecionou os atletas que participaram dos últimos Mundiais.

“Se tem uma chance só, tenho a prerrogativa de selecionar o nadador que nada bem na hora que precisa, porque na Olimpíada é uma chance só. Além de selecionar o melhor sob pressão, eu vou treinar o nadador para ter essa mente focada para acertar [a prova] no dia”, defende o dirigente.

De acordo com ele, das 13 medalhas brasileiras conquistadas nas piscinas, em 12 o atleta fez o melhor tempo da sua vida. “A exceção foi Cielo em 2012, que era recordista mundial e ganhou o bronze.”

O único atleta que deverá estar na Olimpíada sem participar da seletiva é Bruno Fratus, 31. Radicado nos Estados Unidos, ele expressou sua preocupação com o momento da pandemia no Brasil e o risco de fazer uma viagem ao país.

Também devido ao histórico (conquistou medalhas nos três últimos Mundiais), a confederação autorizou que ele fizesse sua prova seletiva nos EUA. Marcou 21s80 nos 50 m livre e só ficará fora caso dois atletas o superem no Maria Lenk, algo pouco provável.

“Imagina se ele vem, pega Covid, não participa da seletiva, perde preparação”¦ É um risco que a confederação achou que não valia a pena”, justifica o vice-presidente.

Cordani cita outros países, como Grã-Bretanha, Canadá e Japão, que classificaram atletas à Olimpíada automaticamente, para preservá-los dos riscos da doença. No Brasil, nadadores com teste positivo que não puderem participar da seletiva terão uma chance posterior de fazer marca.

Por muito tempo em 2020 e neste ano, vários atletas nem sequer conseguiram treinar.

Antes da pandemia, Guilherme Costa vinha em seu melhor momento, com medalha no Pan de Lima, em 2019, e recordes sul-americanos. Usou a paralisação do esporte para fazer ajustes técnicos, como a diminuição na quantidade de braçadas a cada 50 metros, algo que precisou de tempo para conseguir se adaptar.

Conta que uma das maiores dificuldades é ficar sem competir, apenas treinando. Por isso, recentemente participou de uma prova da maratona aquática, que não é sua especialidade, para ganhar ritmo.

“Quando você está competindo, sabe mais ou menos como vai nadar as provas. Eu estou sem competir em piscina desde dezembro. Nadei essa maratona em março, me ajudou muito, porque eu consegui me motivar, sentir o clima de competição, por mais que seja um prova totalmente diferente, eu cresci muito nos treinos. Quando a gente compete, muda nosso clima”, diz.

Ele inclusive venceu a prova e poderá disputar uma vaga em Tóquio também no mar, na seletiva mundial em Portugal, em junho. O fato mostra como a pandemia pode deixar o panorama da natação mais imprevisível.

O lado positivo é que o adiamento da Olimpíada também fez a jovem equipe brasileira ganhar mais experiência.

 

“O [Fernando] Scheffer, que tem a minha idade, o Breno Correia [22], Murilo [Sartori, 18], Brandonn [Almeida, 24], acho que essa galera cresce muito por ser nova. Esse um ano a mais ajudou a gente.”

fonte: Conteúdo ms

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.