Silvio é pura saudades da infância
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Ah, a infância… dama, dominó, amarelinha desenhada com giz no chão… Tardes chuvosas eram um convite para aventuras dentro de casa, transformando a sala em um reino mágico, risadas inocentes ecoando pelos cantos, dias que pareciam se esticar no tempo, entre primos, amigos, e a doce liberdade de ser criança. Era o tempo das manhãs na escola, onde a mente se abria para o mundo; das tardes na varanda, com a bacia de pipoca e o Sítio do Picapau Amarelo, a Cuca ainda nos assustando com sua magia, o Saci aprontando suas travessuras.
Mas o domingo… ah, o domingo! Macarronada fumegante no almoço, o cheirinho delicioso invadindo a casa, e, à tarde, a família inteira reunida, espalhada pela sala, sofá, rede, chão… olhos vidrados na telinha, esperando o inconfundível: “Maaaaoooeee!”
Silvio Santos era mais que um apresentador, era um elo, um abraço que unia gerações. Do vovô à netinha, todos gargalhavam com suas piadas, se emocionavam com os aviões do dinheiro, torciam nos jogos do auditório. Era tudo tão genuíno, tão respeitoso. O domingo, hoje por vezes lamentado como entediante em meio à correria moderna, era pura alegria. Silvio nos ensinou, com seu jeito brincalhão e carismático, que a vida pode ser bonita, que a família é o nosso alicerce, que o riso é um remédio para a alma.
Ele se vai, deixando um vazio imenso, mas suas pegadas ficam: união, nostalgia, a saudade de um tempo em que a televisão era um ponto de encontro, não de isolamento.
Obrigada, Silvio, por nos encorajar a sonhar, por nos lembrar da beleza da vida simples, da importância de estarmos juntos. Sua missão foi cumprida com maestria, e seu legado jamais será esquecido.
As tardes de domingo talvez nunca mais sejam as mesmas, mas o eco de sua risada, de seu bordão inconfundível, continuará vivo em nossos corações. Sentiremos sua falta, mas a alegria que você plantou continuará florescendo, de geração em geração.
Lamento profundamente sua perda.
Silvio Santos faleceu aos 93 anos, neste sábado (17) em São Paulo / SP
Por Alcina Reis
Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal
