Se condenado, guarda municipal que matou ex por pegar até 60 anos de prisão

Autor será indiciado por homicídio triplamente qualificado no caso da ex e duplamente qualificado por amigo

O Guarda Municipal Valtenir Pereira da Silva, que matou a ex-namorada um amigo dela e feriu outra pessoa, será indiciado por uma série de crimes e, caso seja condenado por todos, pode pegar pena de mais de 60 anos de prisão.

De acordo com a delegada que investiga o caso, Sueily Araújo, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), o guarda “foi até a casa da amiga disposto a tudo: reatar ou matar”. Durante coletiva sobre o encerramento do caso, nesta sexta-feira (13), a delegada afirmou que ele será indiciado por: homicídio duplamente qualificado, pela morte de Steferson Batista de Souza (qualificado por motivo torpe e por falta de defesa de vítima); homicídio triplamente qualificado (feminicídio, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima) contra Maxelline da Silva dos Santos; e tentativa de homicídio qualificado contra a amiga e esposa de Steferson, Kamila Teles Bispo.

No dia do crime, Valtenir foi até uma casa onde a ex-namorada participava de um churrasco. Ele chamou ela para conversar e Kamila a acompanhou. Durante a conversa no portão da casa, os dois começaram a discutir e a amiga tentou intervir, momento em que o guarda teria apontado a arma para ela e tentado atirar.

Maxelline, porém, conseguiu desviar a mão do guarda e o primeiro tiro não atingiu a amiga, que tentou fugir. Nesta hora Valtenir atingiu Kamila com um tiro nas costas. Momento em que Steferson, dono da casa e marido da amiga, saiu para ver o que estava acontecendo e levou um tiro.

A última a ser atingida foi Maxelline, com tiro na cabeça. Conforme a delegada, todos os tiros foram proferidos do portão da casa e em nenhum momento ele entrou na residência.

Eles namoraram 1 ano, e moraram juntos por sete meses em uma casa alugada, que estava no nome de Maxelline. Depois do término, ele chegou a invadir a casa pelo muro, na tentativa de reatar o namoro, ameaçando ela com arma também, mas a jovem conseguiu fugir. Foi neste momento que a jovem teria procurado a delegacia para obter a medida protetiva.

Segundo Araújo, o autor do crime já havia violado a medida protetiva que a vítima tinha contra ele várias vezes. Nessas oportunidades ele tentava reatar com Maxelline de forma agressiva, por meio de coerção.

Mesmo com a restrição de se aproximar da vítima, Valtenir continuava andando armado, o que a delegada lamenta e explica. “A todo momento é possível o aperfeiçoamento. As corporações devem fazer essa troca de informações. Mas também houve um erro da vítima, ela não retornou para a delegacia para informar que ele desrespeitou a medida, provavelmente por medo. Se isso tivesse acontecido seriam tomadas medidas mais gravosas”.

A delegada afirmou ainda que, de acordo com testemunhas, a jovem já havia tentado terminar o relacionamento outras três vezes, e não teve sucesso, porque ele a agredia e ela, com medo, recuava. Quando tomou a decisão, Maxelline chegou a comentar com a mãe dela que “gostaria de terminar na paz”.

O término teria ocorrido depois que o guarda municipal se recusou a participar de um curso de casal na igreja de uma amiga de Maxelline. “Isso deixou ela bem triste e depois disso resolveu terminar. Por este motivo o autor culpava os amigos dela pelo término”, contou a delegada.

Depois do crime, uma testemunha diz ter visto o autor em frente a uma igreja que era frequentada por uma das amigas de Maxelline, o que tem deixado amigos e familiares da vítima receosos.

Valtenir deve continuará preso até o seu julgamento, espera a delegada. Até agora foram ouvidas 10 testemunhas e algumas delas estavam com medo do autor e só aceitaram depor depois que ele foi preso. Uma delas, inclusive considerada testemunha chave, ainda não deu o depoimento por medo do que pode acontecer a ela. A delegada afirma que é possível que a polícia peça um mandado de condução coercitiva para que essa pessoa fale.

Além dos depoimentos, a delegacia conseguiu várias pautas documentais, que provam que Valtenir era muito ciumento e “extremamente possessivo”. Conforme a delegada, no celular de Maxelline há conversas que o guarda forçava a jovem mandar a localização dela via whatsapp para ‘confirmar’ que ela estava nos lugares que dizia estar.

Durante o tempo que passou foragido, o guarda municipal ficou na casa de familiares, no bairro Aero Rancho. Apesar de terem escondido o autor, a delegada afirmou que a família não será culpabilizada por causa do grau de parentesco.

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